Nivaldo Pereira
Quanta astrologia na celebração da Páscoa! Quanta expressão de sincretismo entre culturas! E, a lamentar, quanta redução do sentido simbólico da festividade pela sociedade do consumo! Páscoa virou coelhos enfeitando vitrines, ovos de chocolate abarrotando supermercados e peixes, pães e vinhos vendendo como água em dias de comilança. E a natureza? E a vida da gente? Como a astrologia busca reconectar o homem ao cosmo, vamos ao significado original desta época do ano.
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Desde há milênios, lá no hemisfério norte, berço da cultura ocidental, a primeira Lua Cheia após o equinócio de primavera (outono aqui no sul) era motivo de festas e rituais religiosos. Imagine a natureza explodindo em criação e cores, depois de um longo inverno. A vida pulsando, vitoriosa, e a terra vibrando em fertilidade. Coelhos (tem bicho mais fecundo?) e ovos (vidas a eclodir) já eram referências do período nas culturas pagãs. Na Era de Áries (dois milênios a.C.), sacrificavam-se cordeiros em rituais primaveris. Foi nesse período do ano que Moisés teria guiado os hebreus do cativeiro do Egito para a liberdade da Terra Prometida, no que se chamou Pessach, ou Páscoa, que significa passagem. Muito depois, Cristo morreu e ressuscitou numa Páscoa, ampliando a simbologia da vitória da vida sobre a morte. O peixe é símbolo do cristianismo e da Era de Peixes. E eis o cardápio da Semana Santa!
Como o calendário lunar é móvel, em relação ao solar com as quatro estações, a data da Páscoa varia em função da fase cheia logo após o equinócio de março. E essa flutuação vai repercutir na data do Carnaval. Contam-se para trás 40 dias de purificação, ou Quaresma, entre o Domingo de Ramos (imediatamente anterior ao da Páscoa) e a Quarta-feira de Cinzas, que fecha o Carnaval pagão. São ritos de diferentes culturas em associações sincréticas. Seja a celebração pascoal judaica, cristã ou pagã, sua motivação natural é a promessa de vida. É a natureza fecunda operando em nós. Então, celebremos o que há de bom por nascer. Feliz Páscoa!
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