A promotora de justiça Silvia Regina Becker Pinto analisou o pedido e decidiu que o corpo do assaltante Márcio Nadal Machado, o Cachorrão, 33 anos, não será exumado.
Na avaliação da representante do Ministério Público, o procedimento é inútil, porque mesmo que a idosa não tenha atirado no ladrão, houve, em tese, legítima defesa.
- Que utilidade tem arrastar isso com perícias infindáveis? - questiona a promotora.
A aposentada Odete Hoffman, 88, admitiu à polícia ter matado o bandido depois dele ter invadido o apartamento onde Odete mora sozinha, na área central de Caxias do Sul, no começo da noite de 9 de junho de 2012.
Silvia diz ter requisitado o inquérito policial no estágio em que ele se encontra. Segundo ela, se houver elementos, a idosa será denunciada e, se não houver, será arquivado.
Entenda o caso
:: A idosa Odete Hoffmann Prá confessou ter matado um arrombador que invadiu o apartamento dela, no Centro de Caxias, por volta das 17h do dia 9 de julho de 2012, um sábado. Ela usou um revólver calibre 32 para dar três tiros no homem, que morreu enquanto era socorrido. No mesmo dia, à noite, Odete prestou depoimento no plantão da 2ª Delegacia de Pronto-atendimento (2ª DPPA). No início, o caso foi tratado como legítima defesa.
:: Na segunda-feira, dia 11 de junho de 2012, Odete Hoffmann Prá foi indiciada por homicídio e posse ilegal de armas. A tese de legítima defesa não foi analisada pela polícia, que precisou indiciar a idosa como autora de um homicídio, já que houve crime. O arrombador morto foi identificado com Márcio Nadal Machado, 33 anos. Ele estava em liberdade provisória e era suspeito de furtos na área central de Caxias do Sul.
:: Em outubro de 2012, peritos do Instituto Geral de Perícia (IGP) não encontraram indícios de pólvora na mão de Odete. Outra linha de investigação passou a analisar a presença de outra pessoa na residência no momento da morte. No mesmo dia da divulgação do resultado negativo do laudo que detecta a presença de pólvora na mão de quem dispara arma de fogo, a idosa reafirmou ser autora da morte do assaltante.
:: Em novembro do mesmo ano, um exame feito na arma usada para matar Márcio Nadal Machado não concluiu se foi realmente a idosa quem disparou contra o bandido. A perícia foi realizada para determinar a pressão necessária que deve ser empregada no gatilho para que a arma seja acionada. A arma estaria guardada há mais de 30 anos em um armário no quarto da aposentada. A polícia queria saber se a mulher teria força suficiente para conseguir fazer os disparos.
:: Em janeiro deste ano, o delegado do 2º Distrito Policial Joigler Paduano, responsável pela investigação, pediu uma reconstituição do caso. Segundo ele, era preciso sanar algumas dúvidas que surgiram durante o inquérito. A reconstituição foi marcada para o dia 18 de fevereiro, mas não aconteceu.
:: No dia 22 de abril, a reconstituição foi efetuada.