
A angústia pela falta de vaga na escola levou mais de 200 famílias caxienses ao Conselho Tutelar Sul na tarde desta quarta-feira, dia marcado para o mutirão de atendimento à demanda através de um chamamento público. Além de famílias que tentam encaminhar as crianças às escolas, muitas também pedem transferência para instituições mais próximas às suas casas, para evitar os transtornos de deslocamento e custos com transporte. De acordo com o Conselho, foram realizados 202 atendimentos, sendo 114 para creche e pré-escola, 71 para ensino fundamental e 7 para ensino médio.
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Faxineira e atendente de um trailer de lanches no centro, Liselen Machado, 48 anos, era uma das cerca de 100 pessoas que no início da tarde aguardavam atendimento na sede do Conselho, na Rua Os 18 do Forte. Moradora do bairro Reolon, ela tenta uma vaga no primeiro ano do Ensino Fundamental para o filho Tayan, que em abril irá completar 7 anos. A mãe, que ingressou com pedido de vaga ainda em dezembro do ano passado e ainda não foi atendida, lamenta o que considera um descaso do poder público.

– Fiz a inscrição dele na central de vagas no dia 10 de novembro. Em janeiro voltei lá e o nome dele não constava no sistema por um erro técnico. Desde então, tenho procurado atendimento e só me dizem que não dão garantia de vaga, porque a primeira série é a mais procurada. Eu faço minha parte, corro atrás, e não consigo dar a educação que meu filho precisa porque o sistema não funciona. Ele já está perdendo aula (o ano letivo começou em 21 de fevereiro) e além disso ainda precisa acordar às 5h30min para passar a manhã comigo enquanto eu trabalho – reclama Liselen.
Desempregada, Franciele Paim da Silva, 28 anos, também recorreu ao Conselho Tutelar Sul para conseguir a transferência da escola do filho Eduardo Paim, 10 anos. Ao retornarem de Erechim, onde moraram por dois anos enquanto Franciele tratava um quadro de depressão na casa de familiares, conseguiram vaga para o menino na Escola Giuseppe Garibaldi, bairro Cristo Redentor. Como eles vivem no Panazzolo, os quase R$ 200 mensais de transporte se tornaram um custo muito elevado diante do cenário de desemprego.
– Meu ex-marido me ajuda, mas preciso pagar aluguel e estou juntando dinheiro para uma cirurgia que meu filho precisa fazer. Estou procurando emprego, mas está difícil. A depressão dificulta. Se não derem um jeito de colocar ele em uma escola mais perto, não sei o que vou fazer. Porque não tenho condições de pagar a van – diz Franciele.
Ainda nesta quarta, o Conselho Tutelar deve divulgar a dimensão do tamanho da fila de espera nas escolas de ensino fundamental. O relatório será encaminhado ao poder judiciário, onde a prefeitura de Caxias e o Governo do Estado serão responsabilizados pela situação. Na educação infantil, o ano letivo iniciou com déficit de 6.159 mil vagas nas escolinhas e creches de Caxias.