Adriano Duarte
Todas as noites, famílias são obrigadas a suportar o vai e vem de viciados em drogas e prostitutas em uma cracolândia cravada no limite entre os bairros Cânyon e Vila Ipê, zona norte de Caxias do Sul. Basta escurecer e a área de ligação entre as duas comunidades vira terreno para o consumo e venda de crack, confusões, brigas e ataques contra trabalhadores.
Foi ali que uma adolescente de 15 anos foi atacada por volta das 6h de terça-feira. Com ferimentos graves na cabeça, a menina ficou caída em um matagal durante quase sete horas até ser resgatada. Ela continua em estado grave no Hospital Pompéia.
A cracolândia da Rua das Arapongas é um espaço tomado pelo lixo, mato e por pequenas trilhas. No barranco, preservativos se misturam a latas de refrigerante e cerveja usadas como cachimbos de crack. Ao lado do matagal, uma escadaria projetada para facilitar a aproximação entre os dois bairros é ponto de encontro de drogados madrugada adentro.
Moradores contam que só é prudente circular a pé armado com pedaços de pau para se prevenir do assédio de viciados. A insegurança é ampliada pela falta de limpeza e pela iluminação pública precária na Rua das Arapongas.
- Aquele barranco é uma feira das drogas. Ninguém tem coragem de circular por ali depois das seis da tarde. Só que estamos aqui na periferia, ninguém dá bola pra isso - desabafa um vizinho da adolescente.
O líder comunitário do Cânyon, Marciano Corrêa da Silva, pretende solicitar, nesta quarta-feira, uma roçada no barranco e mais iluminação. Sem mato, a tendência é reduzir a presença de drogados.
- A Codeca até faz uma limpeza, mas só nos limites da escadaria. Vou hoje na prefeitura pedir o corte da capoeira - diz Marciano.
A adolescente pode ter sido vítima de uma tentativa de estupro ou assalto. Ela levou golpes na cabeça. Os autores não foram identificados.
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