
Depois de dias úmidos e gelados, o domingo deu em Sol. Ainda de persianas baixadas, desconfiei da luz e do calorzinho lá fora pelo trinar jubiloso de um sabiá no parapeito. Era o Sol batendo na janela do meu quarto, era a natureza em celebração. Ah, e era Dia dos Pais! Olhei a imagem do meu num porta-retrato. Dois anos de saudades, mas o sentimento que veio não foi de tristeza. Que orgulho ter sido filho de um homem de coração feliz! E o meu coração também se contentou naquela manhã ensolarada, no domingo de Leão em que se louva o pai criador. Era o princípio solar em todo esplendor, materializando símbolos, dando sentido à vida. Feito o sabiá, quis cantar – e cantei.
"Luz do Sol, que a folha traga e traduz, em verde novo, em folha, em graça, em vida, em força, em luz." Condição do milagre da vida, o astro-rei se revela assim, como primordial energia de vontade. É o fogo que impulsiona a semente a abrir-se e cumprir seu propósito de flor e fruto. E tudo ganha razão de ser. E brilha de volta em autêntica alegria.
"Eu sou o Sol, sou eu quem brilha pra você, meu amor". Fisicamente, o Sol é uma estrela branca, um gigantesco reator nuclear a irradiar energia e a atrair ao seu redor planetas e outros corpos celestes. Simbolicamente, é o que não cabe em si, é o que se derrama generosamente num mar de raios brilhantes. É o que cria e alimenta o ser criado. Sim, pode-se chamar isso de amor.
"Finda a tempestade, o Sol nascerá; finda essa saudade, hei de ter outro alguém para amar". Xô, amargura! Xô, mofo das emoções ressentidas! Fora, engano e melancolia! Pois do breu de toda escura madrugada, sempre há de raiar outro dia, pleno de possibilidades. Eis o pacto do Sol: sempre haverá um amanhã.
"Pra onde tenha Sol, é pra lá que eu vou." Então, vamos de carona na carruagem celeste do deus solar Apolo, o senhor da razão e das artes, aquele que desfazia maldições e revelava o futuro. Ao som da lira de Apolo, vamos cantando, qual um sabiá, ao Sol que todo dia abençoa o viver. Vamos de mente clara e coração quente.
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