André Tajes
A vida de Daniel Antonio Guerra ganhou notoriedade nos últimos meses com a exposição do nome de seu homônimo prefeito eleito de Caxias do Sul. O agricultor e estudante de História tem o mesmo nome do futuro administrador da cidade a partir de 1º de janeiro de 2017, inclusive o prenome do meio. Ainda por cima, em ambos os casos, o "Antonio" não tem acento. Morador do Cerro da Glória, na 2ª Légua, o jovem de 25 anos diz que tem outras características semelhantes às de seu xará – começou a trabalhar ainda na adolescência e é bastante crítico.
– Ele votou contrário ao aumento dos salários dos vereadores. Foi um dos mais críticos e defendeu a posição a todo o custo. É o que mais se parece comigo. Eu também defendo as minhas ideias e convicções até a morte, se for preciso.
Com a morte do pai, Ivo, Daniel então com 14 anos, assumiu o trabalho nos parreirais da família, mas sem deixar os estudos. Hoje, o jovem mora com a mãe, Lurdes, 60 anos. O gosto pela história veio por influência de uma professora da Escola Municipal Caetano Costamilan, localizada na Linha Loreto, também na 2ª Légua. Ele conta que sempre se destacou na disciplina e gostava de ensinar os colegas. Agora na universidade, surgiu a vontade de dar aula e aprofundar a pesquisa sobre a imigração italiana – seu tema preferido. Porém, Daniel não pretende deixar a agricultura.
– Vou unir o útil ao agradável e lecionar meio turno. Pretendo seguir os passos da professora Loraine (Slomp Giron) e continuar a pesquisa sobre a formação de Caxias. Nós (moradores), da 2ª Légua, somos a região mais antiga de Caxias e tem pouco estudo sobre nossa área. Meu interesse (pelo curso) não foi pelo lado político, mas pelo interesse histórico.
Daniel também é uma das lideranças comunitárias da região e, atualmente, reivindica o asfaltamento de um trecho da estrada de chão entre a Estrada da Uva e a comunidade do Cerro da Glória. Apesar disso, diz que prefere não se envolver com a política porque ela está desacreditada.
– A gente conversa com qualquer pessoa da nossa região sobre política e eles viram a cara e vão trabalhar. Elas não aguentam mais.
Mesmo desiludido com a política, Daniel reconhece que os prefeitos Pepe Vargas (PT), José Ivo Sartori (PMDB) e Alceu Barbosa Velho (PDT) fizeram boas administrações. A principal preocupação dele é que a cidade continue tendo bons gestores.
– Eu sou daqui e sempre vou querer o melhor para as pessoas da minha comunidade e da minha cidade.
Conselhos para o prefeito eleito
Daniel tem na ponta da língua quais deverão ser as principais preocupações do prefeito eleito. Segundo ele, as áreas da segurança e educação devem ser as prioridades.
– A educação municipal está razoável, mas a educação estadual está péssima. Qualquer estudante da UCS diz que precisa de uma universidade pública em Caxias do Sul.
Segundo o agricultor, os moradores do interior têm duas preocupações: a remuneração do preço da uva e segurança. Daniel se define como simpatizante de Guerra e espera que ele cumpra com as promessas de campanha, como a liberação da terceira pista (segundo corredor de ônibus nas ruas Pinheiro Machado e Sinimbu) para veículos, que atenda as áreas mais necessitadas e dê atenção às demandas do interior.
– Espero que ele faça uma boa gestão. A atual priorizou a cidade, mas fora do centro urbano, deixou ao Deus dará. Espero que isso mude.
Daniel diz ainda que a campanha de seu xará despertou na população um sentimento de mudança. E afirma que a vitória de Guerra ocorreu porque a população não “aguentava o modelo de gestão de 12 anos”.
O agricultor arrisca conselhos para o prefeito eleito, como não se aliar a pessoas que representam partidos políticos.
– Espero que ele consiga bons gestores para todas as secretarias e que escolha um bom time para comandar a prefeitura de Caxias do Sul. A máquina pública só funciona se tiver um bom time ao lado do prefeito. Espero que ele coloque bons gestores também nas subprefeituras.
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