Uma campanha eleitoral morna, limitando-se a inauguração de comitês de candidatos a deputado e à escassa entrega de panfletos, raros carros de som e bandeiraços. O que mais se vê são cavaletes, e de poucos candidatos. Esse é o clima das eleições 2014 nas ruas de Caxias do Sul. A falta de recursos é o argumento mais utilizado por dirigentes partidários para explicar a apatia, aliada ao descrédito da classe política e os reflexos das manifestações populares desencadeadas na metade do ano passado.
O desinteresse do eleitor e a falta de convencimento por parte dos candidatos, que utilizam-se de estratégias desgastadas e pouco convincentes, podem desembocar na escolha de maus políticos como seus representantes. É o chamado voto de protesto.
Como o investimento maior é feito nas candidaturas presidenciais e ao governo, a maioria dos pretendentes a uma vaga de deputado tem bancado a própria campanha. A tendência é de que a mobilização eleitoral ganhe impulso a partir dos últimos 15 dias. A eleição será em 5 de outubro.
O cientista político João Ignácio Pires Lucas confirma que o eleitor desiludido nem sempre vota branco ou nulo e opta por figuras irreverentes, escolhendo pessoas inadequadas para os cargos políticos.
- Para avacalhar mais - diz.
Mas ele acrescenta que algumas vezes pode-se ter sorte e eleger um candidato que venha a ter uma atuação destacada e diz que tendência de escolher candidatos caricatos não é predominante, além disso, esse procedimento não é uma exclusividade do brasileiro.
- Poucos são eleitos, só os com mais notoriedade. E ocorre em todo o mundo.
A fraca campanha eleitoral que se verifica na cidade resulta de três fatores, na opinião de Pires Lucas: a legislação eleitoral bastante restritiva, em que os candidatos têm medo de errar; a diminuição dos recursos para as proporcionais e o custo das campanhas, o que caracteriza uma contradição em relação às campanhas majoritárias; e a militância, que diminuiu significativamente.
- As campanhas são caras e para os deputados é difícil a arrecadação. O financiamento mais volumoso privilegia as majoritárias, porque depois a conta será cobrada - explica.
Ele compara a militância idealista dos anos 1990 e os jovens de hoje, mais interessados nos movimentos sociais do que na política tradicional.
- Os jovens eram mobilizados, hoje são raridade.
As manifestações do ano passado, acrescenta, mostram que a política mudou, pois a explosão da sociedade foi um reflexo do que acontece no dia a dia.
- As pessoas querem saber qual segmento da sociedade o candidato representa _ define.
O também cientista político Marcos Paulo Quadros entende que uma campanha como essa é natural ser mais fraca nos municípios, porque o foco principal são as majoritárias.
- Estamos em fim de agosto e certamente os candidatos apostam mais dinheiro na fase final, quando o eleitor se define.