A suspeita de desvio de dinheiro público na Secretaria Municipal de Finanças de Bento Gonçalves gerou uma crise na prefeitura: ninguém, nem mesmo o prefeito Roberto Lunelli (PT), sabe quanto dinheiro o município tem. As consequências são obras paradas, atividades culturais canceladas e serviços de saúde e educação em risco de continuidade, como forma de contenção de gastos.
O Ministério Público (MP) e o Tribunal de Contas do Estado (TCE) investigam o caso, que veio à tona em setembro, após uma denúncia anônima. A ex-diretora de compras da secretaria Luana Della Valle Marcon é suspeita de ter manipulado uma licitação para que uma empresa de informática conseguisse implantar na prefeitura um sistema de dados. O programa informatizado permitiria a Luana manipular as informações e gerenciar as verbas da prefeitura. Conforme a investigação avançou, o ex-titular da pasta, Olívio Barcelos de Menezes, foi demitido, assim como Luana, por suspeita de envolvimento no esquema.
No último dia 15, o prefeito determinou um corte rigoroso de gastos. A prioridade é o pagamento do salário dos servidores, além das atividades das secretarias de Educação e Saúde. Obras como a reforma da Via Del Vino e o Hospital do Trabalhador estão paradas. Atividades culturais foram canceladas.
Para diminuir despesas, Lunelli resolveu, ainda, antecipar para 31 de outubro a dispensa de estagiários e ocupantes de 120 cargos em comissão. Por serem indicações do atual mandato, poderiam ficar até 31 de dezembro.
O prefeito também tenta convencer os secretários a trabalharem os próximos meses de forma não remunerada. Ele pretende usar os recursos de fundos municipais para tapar os buracos do orçamento.
A determinação de redução de gastos deve permanecer enquanto não for esclarecido quanto a prefeitura efetivamente tem em caixa e qual o tamanho do rombo nos cofres públicos.
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