Nivaldo Pereira
Quem nunca teve uma ferida e tentou forçar a retirada da casca que protegia a cicatrização, até perceber, pelo sangue a jorrar, que devia ter esperado mais? Que falem joelhos e cotovelos ralados na infância. Que falem as feridas invisíveis na alma. Cedo aprendemos sobre a tessitura curativa do tempo. Um dia para uns, um ano para outros, vale a mesma regra: é preciso dar tempo ao tempo. Para além do efeito lenitivo, também aprendemos cedo sobre o necessário estado de madurez das coisas: o auge da fruta, a forma plena, a gestação completa. Tudo em seu tempo, dizemos, no elogio da cuidadosa espera pela excelência da manifestação. Agora o espanto: se não há quem não saiba disso na prática, por que diabos vivemos em duelo com o tempo?