Apesar de ter apenas 21 anos, a youtuber e estudante de Publicidade e Propaganda Stephanie Alves de Queiroz tem uma certeza na vida: não quer ter filhos. E, por mais natural que isso pareça a ela, volta e meia precisa explicar aos outros o porquê. Mas, se tivesse feito uma opção pela maternidade, possivelmente o questionamento jamais surgisse.
– São sempre os mesmos comentários quando dizemos que não queremos ser mães: “mas e quando você ficar velha, quem vai cuidar de você?”, ou “ah, isso é uma fase, quando ficar mais velha você vai querer filhos!”, ou ainda “mas crianças são bênçãos!”. Pior são as mulheres influenciando quem não gostaria de ter filhos dizendo “mas só me senti completa com uma criança”. Desculpe, mas nós somos diferentes. Sempre deixo clara minha opção e ignoro comentários assim, afinal, não seriam essas pessoas que iriam cuidar do meu filho – opina ela, que comanda no Youtube o Canal da Absoluta, no qual trata de temas como o feminismo.
Stephanie comenta que já cresceu com essa ideia muito clara na cabeça e acredita que não vá mudar de opinião no futuro. No Facebook, ela inclusive participa do grupo Minas Childfree (“livre de crianças”) – um entre muitos disponíveis na rede social defendendo o mesmo conteúdo – e defende a liberdade de cada mulher poder decidir sobre maternidade sem pressões da sociedade. Felizmente, hoje se pode falar abertamente sobre isso, mesmo que ainda provoque espanto em alguns.
– Você já notou que uma mulher não tem que dizer por que decidiu ser mãe? Claro, pois isso é o que esperamos dela. Agora, uma mulher que não quer ser mãe tem que se justificar o tempo todo, não só para a família e os amigos, mas principalmente para ela mesma – diz a psicanalista Marcia Neder, no recém lançado Os filhos da mãe – como viver a maternidade sem culpa e sem o mito da perfeição (Leya, 224 págs.,R$ 29,90).
Na obra, a pesquisadora apresenta perspectivas sobre ser mãe, desconstrói mitos e questiona os papéis assumidos na criação do rebento, a partir de referências culturais e da própria experiência. Mãe de Adriano, 29, e Julia, 33, analisa a relação entre mães e filhos, que tem se tornado símbolo da vida feminina.
– Na civilização católica tradicional, o feminino se define na fecundidade, reforçando uma obrigatoriedade implícita e explícita de ser mãe – afirma, em entrevista ao Pioneiro.
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