A família de Dionatan Cordova Dias, 28 anos, levou mais de um mês para poder sepultar, em Restinga Seca, o corpo do rapaz, que foi assassinado junto com Lucas Morini, 23 anos, no Paraguai. Os dois são suspeitos de estarem traficando 22 quilos de cocaína e três fuzis AK-47 antes de desaparecerem, em 22 de julho. O assassinato está sendo associado a um escândalo que derrubou a cúpula da polícia do Alto Paraná, no Paraguai. A suspeita é que os dois tenham sido mortos em um esquema de roubo de cargas e drogas envolvendo policiais daquele país.
Há quatro anos, Dionatan, que nasceu em Tupanciretã, ficou conhecido em Restinga Seca, cidade onde estudava na Escola Estadual Erico Verissimo, por ter feito o roteiro e por ter produzido o curta Tente Outra Vez, criado na disciplina de biologia, sobre o crack. O DVD da produção conta com depoimentos isolados da parte fictícia, entre eles, um de Dionatan, em que ele conta que era dependente de cocaína.
O pai do jovem, Luiz Dias, foi procurado pelo Diário no dia 3 de setembro e preferiu não falar sobre o filme. Nesta quinta-feira, ele não atendeu às ligações. A companheira de Dionatan, Luciana Vitalis, 35 anos, disse que o depoimento é fictício.
_ Foi algo que ele criou apenas para estimular as pessoas a se recuperarem das drogas _ afirma Luciana.
A professora de Dionatan Lizélia Flores Mostardeiro, 53 anos, que coordenou a produção feita em 2009, durante as aulas do Ensino Médio da Educação de Jovens e Adultos (EJA), garante que o depoimento é verídico:
_ Ele nos contou, em sala de aula, que tinha usado cocaína e que só parou depois que, um dia, passou tão mal que achou que ia morrer. Quando leio as notícias sobre o crime, não parece o aluno que tive. O Dionatan que eu conheci estava disposto a recomeçar.
No vídeo, o jovem diz que começou a usar drogas aos 13 anos. Ele afirma que estava "limpo" há dois anos e que dizia à ex-mulher que pararia de usar drogas quando o filho deles nascesse. Promessa que não teria conseguido cumprir e, por isso, os dois haviam se separado.
Verdadeiro ou fictício, o depoimento mostra um jovem que tenta orientar outras pessoas a não usarem drogas.
_ Eu queria a felicidade das drogas, mas era uma felicidade passageira. Eu quero que todos entendam isso. Que essa vida não leva nada a ninguém _ diz o rapaz.