Apesar do resultado do exame residuográfico apontar vestígios de pólvora nas mãos de três dos quatro ocupantes da Fiorino envolvida em perseguição da Brigada Militar em Bento Gonçalves, há três meses, o motorista do carro, Tiago de Paula, 18 anos, nega o uso de arma de fogo.
- Nós não mexemos em arma, nós não tínhamos arma. Nós não atiramos. A gente tinha estourado bombinhas no sítio (no interior de Bento) - disse, justificando o vestígio da pólvora.
De acordo com o sub-corregedor geral da Brigada Militar, o tenente-coronel Júlio César Rocha Lopes, as substâncias apontadas pelo laudo do IGP são específicas de arma de fogo. Ainda que fique comprovado o uso de arma de fogo por três dos quatro jovens na noite do incidente, isso não garante a existência de um confronto entre os rapazes e os policiais.
- O laudo tem um lapso temporal de seis horas. Em algum momento eles fizeram uso de arma de fogo, mas não se tem como precisar quando - explica o tenente-coronel Lopes.
A advogada de Tiago de Paula, Vanessa Dal Ponte, prefere não se manifestar antes de uma análise mais detalhada do laudo. Também optaram pelo sigilo o delegado Álvaro Becker e o promotor Eduardo Lumertz, que aguarda o resultado de outras perícias na arma apreendida e na Fiorino.
Os PMs Edegar Júnior Oliveira Rodrigues e Neilor dos Santos Lopes foram indiciados por homicídio pela BM. O entendimento é de que eles teriam atirado contra a Fiorino quando os ocupantes já não ofereciam risco. Os servidores continuam exercendo funções e serão submetidos a um Processo Administrativo Disciplinar (PAD) para avaliar a conduta e a permanência deles na corporação.