
O roubo de um celular pode ter motivado o assassinato de Fernando Giovani Maculan, 17 anos, esfaqueado às 17h30min de terça-feira no bairro Lourdes. O rapaz pediu socorro a um ônibus que seguia pela Rua Pinheiro Machado, nas proximidades com a Treze de Maio, já ferido. O coletivo parou a seis quadras dali, na esquina com a Alfredo Chaves. O jovem foi atendido pelo Samu e encaminhado ao Hospital Pompéia, onde entrou em óbito. Fernando é o quarto adolescente assassinado em Caxias do Sul em 2016 e a 43ª vítima de morte violenta deste ano.
A hipótese de latrocínio, tese inicial da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), é baseada em outros dois registros policiais próximo do horário e local onde Fernando foi encontrado ferido. Por volta das 17h, um adolescente teve um celular roubado. Às 17h40min, a vítima foi uma mulher, que também teve o aparelho levado. Os dois casos ocorreram na Rua Pinheiro Machado e as vítimas relataram que foram abordadas por dois homens armados com faca.
– Familiares disseram que o Fernando saiu de casa com o celular e o aparelho não estava com ele quando foi encontrado ferido. O celular virou a principal moeda de troca, mas é claro que outras possíveis motivações serão investigadas. Amanhã (quinta-feita) vamos começar a tomar o depoimento da família – afirma o delegado Joigler Paduano.
A família de Fernando não sabe o que o rapaz fazia no bairro Lourdes ou com quem estava. Horas antes do crime, às 13h de terça, Fernando foi até a casa de um amigo no bairro Floresta, bairro onde ele também morava. Pouco depois, acompanhou a irmã desse mesmo amigo até uma parada de ônibus. À tarde, o adolescente e alguns amigos foram até o Centro de Caxias, mas às 16h ele foi visto em casa por um tio.
– Ele não costumava avisar quando saía, mas não era de voltar tarde. Dez e meia da noite ele já estava em casa de novo – conta a irmã de Fernando, Larissa Fernanda Maculan, 16 anos.
"Ele era muito empenhado, dizia que queria ser empresário", lembra professora
Fernando completaria 18 anos nesta quinta-feira e a data seria comemorada com um churrasco com os amigos na casa dele, no bairro Floresta, onde morava com os pais, a irmã e o filho de dois anos. Fernando gostava de música eletrônica e tinha facilidade para aprender instrumentos musicais: tocava teclado e violão.
– Ele fazia música eletrônica em programas de computador. Estava sempre escutando música. Nos conhecemos desde criança. Quando mais novo, ele era mais quieto. Agora estava mais extrovertido, conhecia muita gente, todos gostavam dele – conta o amigo Sérgio Delvaux, 18 anos.
Fernando havia abandonado a escola em 2015, quando frequentava o 1º ano do Ensino Médio na Escola Estadual Abramo Pezzi, mas havia voltado a estudar este ano, fazendo cursos profissionalizantes. Tinha aulas de inglês, auxiliar administrativo e informática toda semana. Foi a partir daí que começou a revelar seu desejo de voltar a trabalhar e "virar um empreendedor".
– Era muito empenhado, dizia que queria ser empresário. No início do curso (de Inglês) ele era mais tímido, mas agora estava entrosado, gostava de trabalhar em grupo – lembra Sílvia Fadanelli, 46, professora das aulas de auxiliar administrativo e Inglês.
O adolescente foi enterrado nesta quarta-feira no Cemitério Público.