Dos quase três mil policiais militares que devem entrar para a reserva até o final deste ano, no Estado, pelo menos 200 deixarão os postos em 66 municípios atendidos pelo Comando Regional de Polícia Ostensiva (CRPO/Serra), com sede em Caxias do Sul e abrangência no Nordeste e Noroeste do Estado. O efetivo atual do comando é de 1.268 servidores, o que significa a redução de 16%.
A falta de efetivo foi um dos temas do encontro de ontem entre o comandante-geral da BM, coronel Alfeu Freitas Moreira, e 60 comandantes dos batalhões de todo o Estado . Caxias do Sul, por exemplo, pode perder 40 PMs que estarão aptos a se aposentarem até dezembro, ou cerca de 10% do contingente atual. No ano passado, 24 já tinham deixado a função.
Dos 537 policiais que já se desligaram no primeiro semestre no RS, 39 integravam o CRPO/Serra. Ainda que o comando da BM alegue que estratégias de inteligência contrapõem a falta de efetivo e o aumento da criminalidade, a tendência é de que cada vez mais municípios do interior fiquem sem policiais fixos. Hoje, comunidades menores já são atendidas por patrulhamentos integrados entre várias cidades, a exemplo de Flores da Cunha e Nova Pádua. Desde a metade do ano passado, os quatro policiais lotados em Nova Pádua passaram a atuar também em Flores. Do aumento dos índices criminais, a Serra contabiliza o histórico número de 18 assaltos a bancos em pouco mais de quatro meses.
- É impossível, mesmo em uma BM com 100% de efetivo ter condições de colocar um policial em cada banco, em cada farmácia, em cada supermercado. Hoje o que me preocupa é a facilidade que essas pessoas (os criminosos) têm em roubar bancos. Estamos trabalhando para evitar esses crimes e buscar o máximo de informações possíveis que possam auxiliar a Polícia Civil. Não é por falta da ação da polícia que a violência aumentou. É a impunidade e o retrabalho da BM que elevam os números da violência - justifica Moreira.
Segundo Ricardo Agra, secretário-geral da Associação Beneficente Antonio Mendes Filho (ABAMF), os pedidos de aposentadoria aumentaram muito no ano passado, em parte motivados pelo decreto do governo do Estado que suspendeu promoções e horas extras. Policiais que completavam 30 anos de serviço, por exemplo, recebiam um acréscimo de R$ 1,8 mil mensal para continuarem na atividade, benefício que não é mais concedido.
Em 2015, 2.199 policiais entraram para a reserva. Em 2014, foram 598.
- Nunca na história da BM se se viu tanta solicitação de aposentadoria. Esse decreto mostrou que a segurança pública não é prioridade. Não há horas extras, não há concurso interno - desabafa Agra.
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