Adriano Duarte
Desfeito o mistério em torno do desaparecimento do gerente de produção Ivanildo José Araldi, 43 anos, a polícia agora terá que estabelecer quem são os autores e os motivos do crime.
O corpo em adiantado estado de decomposição estava em um barranco no interior de Flores da Cunha, e foi encontrado por um agricultor na manhã de sábado. O Departamento de Perícias do Interior não divulgou as causas da morte, mas informações preliminares indicam execução com um tiro na cabeça.
A investigação pouco avançou, e está concentrada nas relações pessoais da vítima. Um detalhe chama a atenção: horas antes de ele ter sido rendido por dois homens na porta de casa e sumir, no final da tarde de 11 dezembro, Araldi recebeu um telefonema que o deixou abalado.
A informação foi confirmada por colegas de trabalho, que afirmam que o gerente de produção teria tentado vender sua caminhonete Ecosport no mesmo dia, sem sucesso. O teor dessa conversa e a origem da ligação ainda não estão esclarecidos pela polícia.
Ao voltar para casa, no loteamento Paiquerê, zona sul da cidade, a dupla de criminosos levou Araldi e a Ecosport.
A polícia localizou o veículo depenado em São Leopoldo. O desmanche do carro, porém, pode ter sido uma tática para simular assalto. Segundo apurou o Pioneiro, os autores já estavam esperando por Araldi dentro de um Palio em uma rua próxima, o que é incomum quando se trata de roubo de veículo.
A viúva do gerente de produção, Roseli de Fátima Pedroso, prefere não se manifestar publicamente sobre o caso. O advogado dela ingressará nesta segunda-feira com um pedido de acesso ao inquérito da Polícia Civil.
- A família desconhece qualquer ameaça ou dívidas. Queremos ter acesso a depoimentos para entender o que pode ter acontecido - declarou Ivandro Bitencourt Feijó, contratado para acompanhar a investigação.
Irmãos de Araldi também ficaram surpresos com a informação de que ele tentara vender a Ecosport, e garantem que ele jamais mencionou problemas financeiros.
- Nunca nos procurou para relatar qualquer dificuldade - conta Sérgio Araldi.
O corpo de Araldi foi sepultado neste domingo no Cemitério Santa Clara, em Vacaria.
ENTENDA
Descrito como honesto e de caráter íntegro por amigos e familiares, Ivanildo José Araldi trabalhava havia anos em uma fábrica de persianas em Caxias do Sul.
Cerca de 30 dias antes do sumiço, ele, a mulher e uma filha de sete anos se mudaram da área central para um sobrado no loteamento Paiquerê. O imóvel anterior, mais amplo, havia sido vendido.
Nas últimas semanas, Araldi se mostrava triste e desanimado por problemas pessoais, conforme relatos de colega. No dia 11 de dezembro, recebeu um telefonema que o deixou ainda mais transtornado. Mencionou a colegas que precisava vender o carro e arrumar dinheiro. Ele não revelou os motivos.
No final da tarde do mesmo dia, três homens foram vistos em um Palio branco numa rua paralela à moradia de Araldi, no Paiquerê. Enquanto um ficou no volante do carro, outros dois desembarcaram assim que o trabalhador passou de carro por eles.
Os dois bandidos caminharam alguns metros para chegar na casa de Araldi. Ambos usavam toucas e um deles estava armado. Araldi foi rendido ao estacionar na frente do sobrado. Dois dias depois, a polícia encontrou o veículo depenado na Estrada Presidente Lucena, no bairro Scharlau, em São Leopoldo.
Na manhã de sábado, o corpo de Araldi foi encontrado por um agricultor em um barranco na Estrada Velha, próximo a sede do Sindicato dos Comerciários, em Flores da Cunha.
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