Um crime incomum e sem suspeitos envolvendo cinco adolescentes intriga a polícia de Caxias do Sul. Um dia depois do episódio que resultou na morte de Gabriel Hoffmaister, 18 anos, as famílias de três menores baleadas na madrugada de domingo no bairro De Zorzi buscam entender o acontecido.
Gabriel e outros quatro jovens foram atacados a tiros em um matagal da Rua Padre Raul Accorsi. Ele morreu com um tiro na perna e as três adolescentes ficaram feridas. Um rapaz de 17 anos que estava com o grupo não foi alvejado.
As mães das três adolescentes contestam a versão da polícia de que os jovens faziam uso de drogas naquela noite. No boletim de ocorrência, o rapaz de 17 anos confessou que o grupo teria fumado maconha, versão confirmada em depoimento à polícia por uma das adolescentes.
Às mães, elas negaram o uso de drogas. Uma das adolescentes, de 16 anos, contou que a turma estava no início da trilha, sentados, conversando e com duas garrafas de plástico com vinho. Não haveria drogas com o grupo.
- De repente, eles escutaram os tiros. Um dos guris saiu para buscar ajuda e minha filha ficou com o outro em um dos braços (Gabriel, que faleceu) e uma das meninas baleadas no outro. A terceira garota estava deitada perto - conta a mãe, que prefere não se identificar.
Minutos depois dos primeiros disparos, o agressor teria voltado com uma lanterna, apontado para o rosto da jovem que cuidava dos amigos e desferido mais tiros. Com a claridade no rosto, a menina colocou a mão na face. Foi, segundo a mãe, o que a salvou de levar um tiro na cabeça. Atingida no pulso, a menina rolou e recebeu mais um disparo na coxa direita. Depois de esvaziar a arma, o agressor ainda teria atirado pedras contra os jovens.
Como estava escuro, os adolescentes não conseguiram identificar o atirador. De acordo com as famílias, a turma estava acostumada a frequentar o lugar de dia, mas seria a primeira vez que foram ao local à noite.
- Eles estão assustados. Dizem que foi como um filme de terror - complementa a mãe.
A versão dada pela mãe de outra garota de 15 anos que levou dois tiros na perna foi a mesma. Já a mãe de outra menina de 16 anos, que levou quatro tiros, diz que a filha havia adormecido na grama e que quando acordou já estava baleada. As três adolescentes estão em estado estável no Hospital Pompéia.
A Delegacia de Homicídios investiga o caso e ouve as testemunhas. Não há suspeitos de autoria, já que nenhuma das vítima diz ter visto o rosto do atirador. Apesar disso, o delegado Rodrigo Duarte admite seguir uma linha de investigação.
- O caminho que investigamos pode nos levar a um suspeito. Por enquanto, não há relação com tráfico de drogas ou acerto de contas envolvendo entorpecentes - diz.