
Muitos pais e colegas se questionam o que seria da única turma do 1º ano do Ensino Fundamental da José Venzon Eberle não fosse a professora aposentada Noci Buske Casara, 58 anos. Longe da sala de aula desde maio do ano passado, Noci se compadeceu com a situação das crianças e decidiu tocar a turma enquanto a contratação de um professor não é confirmada. Detalhe: Noci trabalha de graça.
A professora percorre diariamente 30 quilômetros de ida e outros 30 quilômetros de volta entre Vila Seca, onde mora, e o bairro Bela Vista, onde fica a escola. A carona é do marido. Noci está ali por amor à profissão e por respeito às famílias e suas crianças.
– Lecionei durante 15 anos aqui. Sei da importância do 1º ano de escola na vida de uma criança, a chegada, a adaptação serão a base para todo os demais anos. Seria ruim elas não terem uma professora – conta Noci.
Foi a diretora Cláudia Grandi Oliboni quem convidou a ex-colega. Bastou uma ligação e Noci sequer pediu um tempo para pensar e aceitou a missão na hora. No início, o combinado era que ela permanecesse 15 dias na escola. O prazo já venceu e a professora aposentada seguirá guiando a turminha até uma solução definitiva.
– Nem precisava, mas ela (Noci) está organizando tudo em sala de aula, até mesmo a decoração está sendo feita com os alunos – elogia Cláudia.
As mães agradecem o trabalho voluntário.
– Somos obrigados a matricular os filhos, mas cadê os professores? Não tinha ninguém para o 1º ano. Sem a professora, nossos filhos estariam em casa. Somos gratos – diz Tatiana Caravalho, 40, mãe do estudante Tales, seis.