Dos 59 adolescentes e jovens internos no dia 13 deste mês no Centro de Atendimento Socioeducativo (Case) de Caxias do Sul, mais da metade (34) não é da cidade. Eles vêm de municípios da Serra e até da Região Metropolitana.
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Segundo os agentes penitenciários que atuam no Case de Caxias, atualmente, a unidade vive um período de calmaria se comparado há tempos atrás. Um dos fatores determinantes para isso é a lotação. Há 13 dias, o índice era de cerca de 20% acima da capacidade, que é para 40. Tempos atrás, chegou a cerca de 90.
O agente Thiago Rodrigo Russel, 30 anos, trabalha há cinco anos e meio no Case e diz que manter os internos ocupados distensionar o local:
– Eles chegam revoltados. Estavam na rua e, de uma hora para outra, perdem a liberdade. Não dá para dizer que é fácil, que funciona de uma hora para outra, mas com o tempo a gente consegue ter um resultado bem bom. O índice de reingresso é enorme, mas o (adolescente) que vem para ficar bastante tempo com a gente, sai mudado.

Segundo Sandra Mara Oliveira Lopes, 41, agente responsável pelas oficinas, as atividades também servem para aproximar internos de agentes, criando um vínculo. São ofertadas aulas de crochê, fuxico, decupagem, ponto cruz e tapeçaria, entre outras. A quadra de esportes que, no momento, passa por reforma, é usada para jogos de futebol e o badminton (espécie de tênis jogado em quadra um pouco menor e com peteca em vez de bola). Os internos também são estimulados a participar da limpeza da unidade e em pequenas reformas, como a que está em andamento nos banheiros.
– Eles precisam disso. São 12 horas (os plantões). Não podemos passar com eles trancados, porque não vão aprender nada. Eles vão ficar tensos e a gente também. Tem pontos que tem que melhorar muito, tanto da parte deles, quanto da nossa. A gente trabalha em uma casa com número elevado (de internos) e reduzido de agentes e em condições que poderiam ser melhores – avalia o agente.
Mas tudo depende também da aceitação e vontade do adolescente. Eles precisam estar abertos ao aprendizado. Quando isso acontece, a dedicação pode resultar em reconhecimento. Tanto o Case e o Centro de Atendimento de Semiliberdade (Casemi), no âmbito local, quanto a Fase, abrangendo todas as unidades do Estado, trabalharam com produções literárias dos adolescentes e jovens. Neste ano, cinco textos e cinco desenhos se transformaram em um livro. Uma das ilustrações foi feita por um adolescente do Case de Caxias. Depois de ficar em segundo lugar no Estado, no dia 12 deste mês, ele foi à Feira do Livro de Porto Alegre para autografar a obra.

NÚMEROS
A EQUIPE
:: Atualmente, são 63 agentes, divididos em quatro turnos, mais cinco chefes, um diretor e um assistente de direção.
:: Ainda uma psicóloga, dois assistentes sociais, duas pedagogas, um jurídico, um educador físico, um enfermeiro, um clínico geral, um psiquiatra, dois técnicos em enfermagem, quatro auxiliares de enfermagem e oito pessoas na equipe de apoio.
ATENDIMENTOS
:: Em 2018, até o dia 13 deste mês, foram realizados 585 atendimentos em psicologia, clínica geral e odontologia na unidade.
:: Outras 628 assistências foram feitas pela rede, entre vacinas, testes exames e consultas com especialistas.
PERFIL DO INTERNOS*
Por cidade
:: Caxias do Sul: 25
:: Bento Gonçalves: 8
:: São Francisco de Assis: 7
:: Nova Petrópolis: 4
:: Vacaria: 5
:: São Marcos: 2
:: Farroupilha: 2
:: Canela: 2
:: Cambará do Sul: 1
:: Novo Hamburgo**: 1
:: Porto Alegre**: 1
:: São Leopoldo**: 1
Por medida socioeducativa
:: Internação sem possibilidade de atividade externa (ISPAE): 44
:: Internação com possibilidade de atividade externa (ICPAE): 10
:: Internação Provisório: 5
Por idade
:: 13 anos: 2
:: 14 anos: 1
:: 15 anos: 4
:: 16 anos: 4
:: 17 anos: 16
:: 18 anos: 16
:: 19 anos: 11
:: 20 anos: 5
Por ato infracional
:: Roubo: 22
:: Homicídio: 16
:: Latrocínios: 11
:: Tráfico de drogas: 5
:: Outros: 3
:: Furto: 2
*Dados referentes ao dia 13 de novembro.
**É comum que as unidades recebam internos transferidos de outras regiões e também enviem por motivos diversos.
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