Eliane Brum
Na UTI do Hospital Tacchini, em Bento Gonçalves, o domador Marco Aurélio Benites da Silva, 33 anos, recuperou-se de uma cirurgia no abdome após um grave acidente com um cavalo. Há poucas semanas morando na Serra – ele veio de Santiago, na região Central, em busca de melhor oportunidade de vida –, Marco Aurélio foi um dos primeiros pacientes do Tacchini a participar da segunda fase do UTI Visitas, um projeto experimental que faculta a familiares acompanhar os pacientes na unidade por até 12 horas. O estudo deve prosseguir pelos próximos dois meses.
Entre segunda e esta quinta-feira, quando foi transferido para o quarto, Marco Aurélio teve a companhia dos irmãos João Batista e Giovani, que se revezaram das 10h às 22h para acompanhá-lo na unidade de terapia intensiva. Se o projeto não estivesse em prática, a família poderia visitar o rapaz duas vezes por dia, em intervalos máximos de 30 minutos, a chamada visita social, que segue ocorrendo em paralelo.
– Ele se sente mais à vontade e mais seguro com a gente aqui perto. A gente consegue conversar, explicar o que está acontecendo. Acho que ele reage muito melhor ao tratamento assim. Para nós também é mais tranquilo, dá para saber como ele está, se precisa de algo – afirma João Batista, que é mecânico e se mudou para Bento Gonçalves há 10 anos.
O impacto positivo da presença dos familiares na recuperação dos pacientes é apenas um dos resultados que o estudo procura descobrir. No Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre, que concebeu a ideia há cerca de dois anos e já avaliou os resultados com 300 pacientes, a experiência se mostrou muito bem sucedida: além da redução do estresse e da ansiedade do paciente, o tempo médio de permanência na UTI diminuiu em um dia e meio com o projeto.