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O ataque cibernético mundial, que afetou empresas públicas e privadas de diversos países, também teve reflexos em Caxias do Sul. A suspeita de invasão dos hackers na rede de computadores do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) cancelou nesta segunda-feira ao menos 400 atendimentos na agência do município. Como as invasões ocorreram, em princípio, por meio de e-mails com arquivos infectados por vírus, os servidores foram orientados a desligar os computadores para que a situação fosse verificada. Até o começo da tarde desta segunda, quando os equipamentos voltaram a operar, cerca de 50 perícias médicas e 50 agendamentos para outros serviços, como pensões e aposentadorias, haviam sido remarcados. Porém, o sistema permaneceu lento, o que impossibilitou o restabelecimento total das operações.
– Como não tínhamos a certeza de que os nossos computadores haviam sido invadidos, não podíamos ligar os equipamentos. Foi uma medida de precaução e todos os atendimentos que não ocorreram foram reagendados. Mas, acreditamos que somente nesta terça o atendimento será normalizado, devido à lentidão do sistema – afirma Vilson Dutra, gerente executivo substituto da agência de Caxias, que atende diariamente entre 600 e 700 pessoas.
Recentemente, outros ataques semelhantes, que ocorrem por meio de uma armadilha online que, ao ser acionada, criptografa os dados da rede atacada e impede o acesso do usuário, prejudicou empresas e entidades da Serra, que tiveram seus banco de dados bloqueados por criminosos virtuais: pelos menos 23 casos foram identificados desde o início do ano. Esse tipo de ação, conforme o perito em computação forense e hacker ético, Petter Anderson Lopes, da Metadados, impacta diretamente no faturamento das instituições.
– É um ataque aleatório e que normalmente não possui um alvo específico. A empresa que tiver mais vulnerabilidade pode ter a perda total das informações ou demorar mais tempo para conseguir recuperar os arquivos. Esse tempo sem os dados significa, muitas vezes, um descontrole financeiro, já que atrasa pagamentos de fornecedores – explica Lopes.
Para devolver as informações, os hackers cobram uma transferência de dinheiro em bitcoin (moeda eletrônica para dificultar o rastreamento da transação pelos investigadores). Por isso, mesmo sem um alvo específico, optam por direcionar o vírus a grandes empresas e entidades: neste último ciberataque, sites da Petrobras, Itamaraty, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Ministério Público de São Paulo e Tribunais da Justiça de vários Estados ficaram fora do ar. Mesmo assim, nada impede que os criminosos utilizem essa metodologia para atacar usuários particulares e instituições de menor porte.
– Infelizmente, poucas empresas da Serra têm esse cuidado e, num novo ataque, algumas poderiam sofrer as consequências disso. Hoje em dia, não se pode mais confiar apenas no antivírus, pois os ataques estão sendo operados em larga escala. Os hackers agem unicamente para extorquir as empresas e, quanto mais seguro os dados estiverem, menos chances de a empresa cair no golpe –ressalta o especialista.
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