Raquel Fronza
Um dos maiores acervos de memória da colonização italiana na Serra gaúcha, o Museu do Imigrante abre as portas para visitação na próxima segunda-feira, em Bento Gonçalves. Neste sábado, a programação oficial envolverá a comunidade com atrações ao longo de toda a tarde. A prefeitura devolverá o prédio datado de 1913 para a comunidade após seis anos fechado para um longo e atribulado processo de restauração, que correu risco de não se concretizar por falta de arrecadação de verbas via Lei Rouanet. A entrega das obras de restauro e adequação de uso do casarão é parcial, já que restará ainda a execução de uma terceira etapa que prevê acessibilidade, sem data prevista. No entanto, o retorno imediato do funcionamento do serviço à comunidade devolve a sensação de tranquilidade à equipe da secretaria de Cultura.
– Existe um sentimento de pertencimento do museu, ele é um velho amigo dos bento-gonçalvenses. Foi um período de muito trabalho e dificuldades, um trabalho de formiguinha – explica a coordenadora geral do projeto, Neusa Zoldan.
O prédio que já foi departamento público, hotel e moradia, precisou fechar as portas após ser interditado ainda em 2009, encerrando as atividades com o título de segundo ponto de maior visitação turística da cidade, ficando atrás somente da Vinícola Aurora. O acervo de quase 20 mil relíquias foi transferido para o porão da Fundação Casa das Artes. Após o empresariado destinar R$ 688 mil de impostos para a intervenção, a obra começou a sair do papel, de fato, somente em agosto de 2014. O processo envolveu remoção de alvenarias, reboco interno e tratamento do revestimento interno. Após, pisos e azulejos foram revistos, com trabalho de limpeza e imunização das peças. Durante o período, descobriram-se algumas surpresas arquitetônicas: pelo menos quatro portas estavam cobertas por cimento, alterando a composição original do casarão. Com isso, recuperam-se ladrilhos coloridos que estavam escondidos, entre outros ganhos. As características da casa de 1913 foram respeitadas, o que incluiu a necessidade de tapar uma porta na parte externa do casarão com vidro, elemento contemporâneo.
– Agora, vamos ocupar a agenda com visitações principalmente de escolas, já que as crianças ainda não conhecem o museu, incluindo também os moradores do interior – prevê o secretário de Cultura, Evandro Soares.