Adriano Duarte
Mais de um ano após a morte do professor e triatleta caxiense Tiago Pereira, 28 anos, o resultado da investigação é questionado pela família e pelo Ministério Público.
No dia 6 de abril de 2014, o esportista sofreu uma descarga elétrica após concluir uma prova da modalidade de triatlo no Ironman 70.3, organizado pela Latin Sports em Brasília. Em março deste ano, a 10ª Delegacia de Polícia do Distrito Federal indiciou cinco pessoas envolvidas na organização e prestação de serviços da competição, mas a promotoria devolveu o inquérito solicitando uma apuração mais detalhada. Novas testemunhas foram intimadas para depor ainda neste mês.
Na avaliação da Polícia Civil, a tragédia foi impulsionada pelo descuido na montagem da rede elétrica a cargo da Neo Eventos, do Distrito Federal. O pedido do MP, porém, quer esclarecer se as falhas na segurança e a possível falta de comunicação entre os organizadores também teria contribuído para a morte de Tiago. A família do atleta e a promotora de Justiça Anna Maria Amarante Brâncio entendem que fatos antes e possivelmente depois do acidente poderiam ter sido evitados.
No dia anterior à morte, testemunhas relataram ter recebido choques na estande da Kona Bikes, ponto onde ocorreu o acidente fatal de Tiago. Eletricistas sem formação técnica, contratados para a manutenção elétrica do Ironman, afirmaram ter providenciado os reparos. Contudo, os choques continuaram no dia seguinte pois houve falha no isolamento de fios condutores, conforme apontamento de peritos. Pela lei do Distrito Federal, a organização deveria ter providenciado a correção do problema ou cancelado a atividade para evitar mais acidentes, o que não ocorreu.
A prova teve seis horas de duração e exigia que os competidores percorressem 2km nadando, 90km pedalando e 21km correndo. Tiago estava em Brasília com outros três competidores de Caxias. Após completar o exaustivo circuito, o caxiense se deslocou até a área de estandes para beber água. Nesse momento, se encostou numa estrutura metálica e recebeu a descarga. Ele recebeu o primeiro atendimento médico no local do acidente, mas morreu no hospital.
Tiago Pereira era conhecido em Caxias do Sul e no meio esportivo. Na cidade, ministrou aulas na Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) e na Universidade de Caxias do Sul. Também foi a professor na Escola Professora Ester Benvenutti, no bairro Fátima. Paralelamente, treinava a equipe de natação da Pranadar Aqua e Fitness e era professor de musculação da Academia Raiar.
INDICIADOS E VERSÕES
O inquérito da 10 Delegacia de Polícia do Distrito Federal responsabilizou cinco pessoas pela morte do triatleta Tiago Pereira. Confira a versão resumida dos indiciados em depoimento na delegacia: