Adriano Duarte
Relatórios da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (4ª CRE) e da Secretaria Municipal da Educação (Smed) indicam estruturas precárias ou com risco à segurança em 70% das escolas públicas no início do ano letivo, boa parte em Caxias do Sul.
Dos 56 colégios estaduais em Caxias, 42 têm algum tipo de demanda represada. Na rede municipal, são 61 escolas do ensino fundamental de um total de 86 que precisam de intervenção de pequeno, médio ou grande porte. Ainda que a comunidade receba estruturas deficitárias, as aulas não estão comprometidas.
O quadro é muito mais dramático na rede estadual, com baixa perspectiva de melhorias a curto prazo principalmente devido ao corte no orçamento pelos próximos seis meses. Com tantas obras pendentes, a 4ª CRE se obrigou a elencar quais são os piores estabelecimentos e encaminhar uma lista de 27 obras urgentes ou emergenciais, incluindo cidades da região, ao Estado.
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Salas de aula remendadas ou caindo aos pedaços não são novidade, mas causa espanto saber que alguns problemas se arrastam há quase uma década sem solução. A desintegração da Escola Estadual José Generosi, no bairro Forqueta, em Caxias do Sul, foi alertada ainda em 2007. A passagem do tempo, temporais e vandalismo castigaram o prédio de tal forma que a interdição parcial se tornou inevitável em 2013. A reforma total chegou a ser incluída no Plano de Necessidades de Obras (PNO) do governo estadual.
Tal plano não avançou por motivos burocráticos e supostamente por falta de recursos. Os alunos serão recebidos em uma edificação com mais de 50 anos, misto de madeira e alvenaria, com vidros quebrados e áreas onde a circulação de pessoas é proibida.
- É uma questão urgente o caso da Generosi. A fachada da entrada é um perigo, pode desabar e ali tem sala, setor administrativo - descreve o coordenador da 4ª CRE, Paulo Périco.
Os problemas da Generosi e de outros 41 colégios de Caxias estão todos relacionados em uma pasta que Périco não perde de vista. O levantamento é recente, foi concluído nesta semana, e contém informações sobre prédios de Antônio Prado, Cambará do Sul, Canela, Farroupilha, Gramado, Jaquirana, São Francisco de Paula e São Marcos.
O Colégio Ulisses Cabral, em Antônio Prado, é um recorte do que outras comunidades enfrentam. Em tese, as condições do prédio não oferecem segurança para professores e estudantes: a marquise frontal ameaça desabar. A Boaventura Ramos Pacheco, de Gramado, por exemplo, foi incendiada parcialmente por criminosos, e a rede elétrica está tão arruinada que pode resultar em acidente.
Os contratempos são enormes, mas cancelar ou adiar as aulas é uma medida descartada. Resta aos estudantes conviver mais um ano com tanta precariedade.