Rodrigo Lopes
Nenhum general, em sã consciência, ordenaria um ataque a uma escola. O episódio desta quinta-feira, em Gaza, lembra uma madrugada de 2006 no sul do Líbano. Em Beirute, por ocasião da guerra de 33 dias entre Israel e o Hezbollah, acordei com o breaking news da CNN anunciando que um bombardeio israelense havia destruído um pequeno prédio em Qana, no sul do país. Não era uma escola como a de Gaza, mas o ataque também havia matado inocentes - 19 mulheres e crianças.
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Na ocasião, Israel declarou 48 horas de trégua para investigar o "erro". Aproveitei o cessar-fogo para viajar até o local. Ao chegar a Qana, não havia pessoas para entrevistar - quem pôde, fugiu do vilarejo a tempo; quem ficou, morreu. Ao final de uma rua de chão batido, contornada por prédios incinerados e ferros retorcidos de veículos, estava a edificação de poucos andares achatada pelo ataque. Ao lado dos destroços, ainda estavam chinelos de dedo, fraldas e colchonetes.