A possibilidade de os pardais serem removidos da Rota do Sol não agrada ambientalistas.
Na segunda-feira, em uma reunião em Caxias do Sul, o secretário de Infraestutura e Logística do Estado, Beto Albuquerque, prometeu retirar até o verão os dois controladores de velocidade que ficam em Itati, para desafogar o trânsito de quem segue da Serra para o Litoral Norte e vice-versa.
Os equipamentos existem principalmente para evitar atropelamentos dos animais silvestres que cruzam a estrada. A rodovia é rodeada por unidades de conservação, que somam mais de 50 mil hectares.
O secretário irá propor que, para proteger os bichos após a remoção dos dispositivos, sejam cercadas as laterais da estrada no trecho. A medida impediria que os bichos atravessassem a pista. É no ponto da Reserva Biológica da Mata Paludosa que estão os dois dispositivos que limitam em 40 km/h a velocidade.
Para a bióloga e gestora de outra unidade de conservação cortada pela estrada, a Área de Proteção Ambiental (Apa) Rota do Sol, Milene Prestes, os pardais não deveriam ser extintos na estrada. Mas sim, ampliados. Milene questiona também o cercamento.
- E o fluxo dos animais, como iria ficar? O cercamento limita o movimento deles - diz a bióloga.
Bióloga que entre julho de 2009 a julho de 2010 monitorou os atropelamentos de animais do trevo de Tainhas até o trevo da Estrada do Mar, Fernanda Zimmermann Teixeira diz que os pardais reduzem as chances de os bichos serem atingidos por veículos. Ela ainda não se posicionou sobre o cercamento da rodovia.
- A cerca com certeza diminui os atropelamentos. Mas com isso, pode se isolar os animais. Naquele ponto tem três passagens de fauna (espécie de túneis sob a pista). Mas mesmo com as passagens, continuam acontecendo atropelamentos. Significa que eles seguem usando a pista por cima. O que a gente não sabe é se tem espécies que só atravessam sobre a pista e não usam as passagens. Então, essas espécies, com a cerca, poderiam ficar isoladas - comenta.
Isolar significa impedir que elas busquem alimentos e se reproduzam. Manter dois grupos em cada lado da rodovia poderia aumentar as chances de extinção.
Durante o trabalho, dissertação de mestrado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Fernanda encontrou 702 animais silvestres atropelados.