Rodrigo Lopes
Neste Dia Internacional da Mulher recordamos de uma personalidade de Caxias do Sul que se destacou nas mais diversas áreas a partir da década de 1940. Trata-se de Ernestina Cavalcanti Vianna (1923-1977), primeira mulher a tirar o brevê no Aeroclube de Caxias do Sul, em 1941.
Memórias do Aeroclube de Caxias do Sul
Oradora da também primeira turma do ginásio do Colégio São José, a jovem desde cedo demonstrou o que era ser "moderna" naqueles tempos em que o casamento e as lidas domésticas dominavam o cotidiano feminino.
Desafiada pelo então prefeito Dante Marcucci, Ernestina aceitou a bolsa oferecida por ele a primeira garota que topasse "domar" um avião. Em 1941, o Aeroclube acabara de ganhar do governo federal o famoso "Duque de Caxias", símbolo máximo da campanha Dê Asas ao Brasil, do magnata Assis Chateaubriand - a jovem de 18 anos não foi apenas a primeira caxiense a voar como a segunda gaúcha a tirar o brevê.
Era a época em que ela circulava pelo Aeroclube ao lado de nomes de vulto na cidade, como Darvile Croda, Abramo Eberle, Rômulo Carbone, Oscar Viero, Assis Picolli, Frederico Muller e o fundador e primeiro presidente, Julio Sassi.
A Caxias de Dante Marcucci nos anos 1930 e 1940
O incêndio do avião Duque de Caxias em 1950
Passada essa estreia, Titina, como era mais conhecida, seguiu atrás de outros voos. Formou-se na primeira turma da Faculdade de Educação Física na UFRGS, com especialização em tênis, e ministrou aulas no Colégio Bom Conselho, em Porto Alegre.
A docência acabou sendo deixada de lado tempos depois: Ernestina precisava cuidar da mãe, Hilda Cavalcanti Vianna, e da irmã Maria Antonieta Cavalcanti Vianna, tendo em vista a grave doença do pai, Carlos Dutra Vianna.
Brevetados do Aeroclube de Caxias do Sul em 1942
A jovem foi primeira de Caxias a voar e a segunda gaúcha a tirar o brevê. Foto: acervo pessoal de Içara Maineri, divulgação
Atuação no cartório
Conforme relatos da família, a jovem pensou em cursar Direito, mas alguns reveses da época não permitiram. Decidiu, então, estudar para o concurso do Cartório do Registro Civil de Caxias do Sul, na vaga aberta com a morte de seu Carlos. Passou em primeiro lugar, graças à prática adquirida ainda na adolescência, ao ajudar o pai no serviço.
Assim, a jovem de 27 anos despontava em 1950 como a nova Oficial do Registro Civil de Caxias do Sul, função que exerceria pelos 25 anos seguintes. Ernestina adoeceu em outubro de 1976 e, poucos meses depois, em fevereiro de 1977, veio a falecer.
Ela tinha apenas 53 anos.
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