Assustada com a proliferação do mosquito que transmite três doenças que podem até matar, a comunidade de Caxias do Sul começa a se armar. Ao lado da prefeitura, que encabeça campanha para frear a reprodução do Aedes Aegypti, pequenos grupos ao redor da cidade arregaçam as mangas para procurar pontos de água parada- lugar perfeito para o inseto depositar ovos - e conscientizar quem ainda não se deu conta do perigo. A adesão comunitária ainda é pequena diante dos números: somente neste ano, cinco focos do mosquito foram encontrados em Caxias. Segundo a 5ª Coordenadoria Regional de Saúde, Caxias é um dos cinco municípios na região infestados pelo Aedes (quando é encontrado fora de armadilhas). O inseto é transmissor da dengue, do zika vírus e da febre chikungunya.
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No bairro Diamantino, uma turminha de cinco a 13 anos sai às ruas como gente grande. Acompanhados por adultos, os guardas mirins batem de casa em casa para explicar como reciclar lixo - e evitar que pneus, garrafas e outros recipientes fiquem a céu aberto e acumulem água. A ação é organizada pela Amob do bairro e, para o presidente, Dante Pinguelo, os pequenos sensibilizam os adultos:
- As crianças pedindo para cuidar é muito diferente de um adulto pedindo.
E é verdade. Com desenvoltura de gente grande, Gabriele Oliveira Machado, 12 anos, avisa: retornam dentro de 20 dias para conferir se a casa está livre de criadouros.
- Acho muito bonita essa iniciativa. E futuramente, o mundo vai depender dessas crianças - disse Alexandre Capelini, 38, que abriu o portão para receber a gurizada.
A ajuda de quem já sentiu uma das doenças na pele também entra em jogo. Bahiano que mora em Caxias há 11 anos, Evandio Oliveira Moraes contraiu dengue duas vezes antes de mudar para o Sul e sabe muito bem do riscos. Moraes é diretor de um dos grupos do Calebes (ligado à Agência de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais, a Adra), que no sábado fez panfletagem em Vila Seca. Antes, houve ação no Portal da Maestra.
- Eu sei o que é epidemia de dengue. As pessoas daqui, como nunca viveram isso, não sabem a importância de conscientizar. Mas nunca tinha visto mobilização no Rio Grande do Sul - pondera.
Ao lado das ações da prefeitura, que mantém 47 agentes no combate ao inseto, outras frentes começam a ser formadas. No dia 13 de fevereiro, um grande bota-fora organizado pela UAB está agendado para o bairro Primeiro de Maio, em parceria com a Amob local. Dois dias antes, voluntários vão distribuir material informativo no loteamento São Gabriel. A ideia da UAB é estender o trabalho a outros locais.
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