- O fato desta rodovia cruzar o nosso bairro é a pior coisa que podia ter acontecido com a nossa comunidade.
A declaração é de uma moradora do Pedancino que, seis anos após ter enterrado o filho morto em acidente na ERS-122, encarava dois velórios de vítimas da mesma estrada nesta segunda-feira. Olga Ortiz Brandalise, 66 anos, rezava pelo falecimento de duas amigas que perderam a vida em acidentes diferentes neste fim de semana, ambas na ERS-122. O desabafo de Olga dá voz à dor da comunidade de Pedancino, que vive novo luto após a morte de Marta Teresa Boff, 52, e de Gema Luiza Parizzoto Koch, 71.
Os acidentes distanciam cerca de um quilômetro um do outro. Marta foi vítima de uma colisão frontal com um caminhão que invadiu a pista contrária, no Km 85, próximo da empresa G-Paniz. O caminhoneiro fugiu sejm prestar socorro. O acidente aconteceu na sexta, e Marta morreu no Hospital Pompéia, no domingo de tarde.
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Na outra tragédia, Gema e o marido, Rudolf Karl Koch, 87, decidiram prestar amparo à família da amiga morta. Marta e Gema eram vizinhas no Pedancino e tinham bastante proximidade, segundo amigos. Ao retornar da casa dos pais de Marta e se preparar para o velório que começaria em poucas horas, o carro conduzido por Rudolf tentava fazer o retorno do Pedancino pela ERS-122 quando foi atingido por um Jipe, no Km 86, na frente da empresa Eaton.
- Elas eram pessoas muito boas. Eram religiosas, e ajudavam bastante as pessoas - define Olga.
O ambiente era desolador na igreja de Pedancino, onde Marta era velada na manhã de segunda-feira. A comunidade somava ao sentimento de luto a indignação de assistir ao desenrolar de tantos acidentes. O filho único de Marta morreu no trevo de acesso à igreja do bairro, onde a mãe era velada na manhã da segunda. Fabio Galiotto, 23 anos, voltava do trabalho de moto quando se acidentou, em agosto de 2011. Na sexta-feira, ao se acidentar, a mãe retornava de um atendimento psicológico que a ajudava a entender a perda do filho.
No velório de Marta, um grupo de três amigas chorava na frente da igreja. Eram Olga, que perdeu um filho na rodovia em 2009, Silvana Brandalise, que padeceu por três meses com um filho hospitalizado em estado grave após acidente em 2011, e Angelina Dolores Pelin, que perdeu um cunhado na mesma ERS-122 em 2010.
Todos que compareceram ao velório de Marta foram confrontados com uma peça significativa do perigo no trecho. Uma roda da moto de Fábio, morto há quatro anos, é preservada pela família na beira da estrada para alertar sobre os riscos da estrada.