A presença dos arquitetos Luiz Antonio Custódio, Ana Elísia da Costa e Marcelo Ferraz no sexto debate sobre o futuro do complexo da Maesa, em Caxias do Sul, na tarde de ontem, elevou o nível da discussão. Três apresentações individuais, seguidas de respostas às perguntas enviadas pelo público, deram novas sugestões ao projeto que está em andamento e deverá estipular as diretrizes para a ocupação da área. O encontro teve início às 16h30min, na Sala de Cinema do Centro de Cultura Ordovás e durou pouco mais de duas horas, sem pronunciamento oficial da comissão responsável pela elaboração do projeto.
O público lotou a sala de cinema, mas também foi possível assistir pela TV. O interesse dos caxienses pelo assunto chamou a atenção dos especialistas, habituados a encarar projetos de restauros e estudos semelhantes ao do prédio da Maesa em todo país, e que nem sempre contam com participação pública tão expressiva.
- Está acontecendo algo muito importante em Caxias do Sul. Em uma cidade que trabalha tanto, o povo parar às 16h de uma segunda-feira, significa bastante - avalia a professora Ana Elísia, autora da pesquisa A Poética dos Tijolos Aparentes e o Caráter Industrial _ Maesa.
Entre os itens defendidos pelos especialistas, que se apoiaram em obras de restauros de prédios tão expressivos quanto o da Maesa em países como Inglaterra e Eslovênia ou em obras como o Cais do Porto, na Capital gaúcha, está a possível parceria entre poder político com iniciativa privada como alternativa para que o projeto não seja esquecido após implantado. É também uma saída para que o prédio histórico não se torne alvo de jogadas políticas, podendo alterar estrutura e conceito a cada novo mandato. O comentário, feito por Ana Elísia e que teve o apoio do público, foi rebatido por um dos membros da Comissão Especial para Análise de Uso do Prédio da Mesa, Édio Elói Frizzo, dizendo que o avanço da Maesa depende também da intervenção política.
- Frizzo, não te faças de bobo. Isso que sugeri é justamente uma forma de politizar de uma forma correta. Vamos zelar ainda mais pelo prédio desta forma -respondeu a arquiteta.
Nas perguntas escritas pelo público, estava a crítica pela ausência de uma audiência pública e até pela falta de respostas concretas à comunidade, questionando a utilidade do encontro com os especialistas. Teve até quem questionou se os arquitetos palestrantes seriam os responsáveis pela obra.
- É desejo de todo arquiteto, é claro. Mas somos defensores de concursos arquitetônicos, que incentivem a construção como instrumento de formação - argumentou Marcelo Ferraz.
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