No terceiro dia consecutivo de paralisação na RSC-470, caminhoneiros de Garibaldi resolveram trocar o acesso da Telasul, no entroncamento da RSC-453, pelo Posto do Avião, no km 225. A mudança aconteceu para evitar fuga de motoristas, segundo um dos organizadores, Adriano Piacentini. O discurso dos mais de 200 motoristas que ocupavam o pátio do posto e o acostamento da rodovia era o mesmo: queremos medidas urgentes do governo. Quando questionados sobre qual era o grande anúncio que esperavam do governo, a resposta era a mesma:
- Queremos que baixe o preço do diesel.
Ainda que a redução do combustível não esteja inclusa na série de medidas que a presidente Dilma ofereceu à classe ainda na quarta-feira, os motoristas elogiaram o pacote. O item que garante aumento do valor da estadia, de R$ 1 para R$ 1,38 por tonelada/hora/, calculada sobre a capacidade total de carga de veículo, é o que mais agradou os motoristas:
- Se isso for posto em prática, é praticamente um sonho. Porque não se ganha nem R$ 1 hoje: a média é R$ 0,50 ou R$ 0,60 - compara Piancentini.
A isenção do pagamento de pedágio para o eixo suspenso de caminhões vazios é algo visto como "óbvio" pelos motoristas. A manutenção do preço do diesel nos próximos seis meses, uma das promessas de Dilma, dividiu opiniões. Enquanto uns acreditavam ser vantajoso, outros pediam que o tempo se estendesse a pelo menos um ano. Teve também quem não gostou da ideia:
- Se deixar seis meses parado, quando aumentar, sobe de uma vez só e um percentual muito alto - pondera o empresário Henrique Ferla, de Garibaldi.
Ferla era um dos líderes da manifestação. Lia as propostas de Dilma com os colegas e debatia sobre cada item. Ainda que a lista do governo tenha agradado a classe, é difícil que tirem os caminhões da pista até que o diesel não fique mais barato. Até condutores de caminhões de frutas foram parados na tarde da quinta-feira. Ciente das consequências que o protesto tem causado em todo país, Ferla desabafou:
- Peço desculpas ao povo da Serra pela falta de combustível e frutas. Mas é para nosso bem. E na sexta, nem carro vai passar aqui.