Esta semana foi histórica para o menino Jackson Rafael Ferreira Bottim, 10 anos. Ele começou a estudar na turma 51 do 5º ano da Escola Estadual São Caetano, no bairro Bom Pastor, em Caxias do Sul. O primeiro dia de aula foi segunda-feira à tarde, e foi uma festa para Jackson. Depois de vestir o uniforme e receber cuidados especiais da mãe, Simone, o menino atravessou a Rua Irmã Geni para chegar à escola, que fica em frente à sua casa, levado pela mãe, a professora da classe especial, Tatiana Novello, e o técnico de enfermagem Giovanni Freitas dos Santos. Foi então que conheceu a profe Juliana e os coleguinhas da turma de 18 alunos.
Um monitor para acompanhar Jackson ainda não foi contratado pelo Estado. O concurso foi feito, mas até agora não houve nomeações, que se tornam mais difíceis com as medidas de corte de despesas definidas pelo governo. Enquanto o monitor não vem, Simone acompanha Jackson em todas as aulas, das 13h30min às 17h30min.
- Ele está empolgado, feliz, a turma o recebeu muito bem, cada aluno contou sua história no primeiro dia e o Jackson contou a dele. A gente foi bem acolhido, a escola é aconchegante, todos estão sendo bem atenciosos. Cada dia vai sendo uma conquista. O pessoal vai abrindo caminho, preocupado - diz a mãe.
Jackson ficou tetraplégico após um atropelamento em Garibaldi. O menino, que vivia preso a um ventilador mecânico para poder respirar, adquiriu mais mobilidade com a cadeira de rodas quando ganhou um equipamento chamado marca-passo diafragmático, que permite a ele sair de casa. Só assim ir à aula todo dia está se tornando um sonho realizado para Jackson.
Como ele não consegue escrever, é auxiliado por um programa chamado câmera mouse, em que uma webcam lê o rosto do menino na tela.
A um clic no nariz, Jackson ganha um mouse à sua disposição que ele controla movimentando a cabeça, mais um teclado virtual. Tudo, inclusive imagens do que é escrito no quadro pela professora, é registrado no Word aberto na tela. O programa foi obtido graças à Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD), de Porto Alegre.
Com o apoio da escola, uma classe especial para acomodação de deficientes físicos foi buscada no Colégio Emílio Meyer, onde Jackson estudava até o ano passado, só que uma vez por semana. Agora ele vai à aula todos os dias. Outras dificuldades são a inexistência de rampa na calçada para cadeirantes e as vans escolares que estacionam muito perto da rampa de acesso à escola.