A instalação da passarela no Km 146 da BR-116, em Caxias do Sul, neste domingo, materializa uma promessa para amenizar o impacto de 17 pedestres mortos em atropelamento nos últimos seis anos na rodovia. A obra é importante, mas chega com inexplicável atraso. Mais: será insuficiente para satisfazer antigas e recentes reivindicações por segurança ao longo do trecho urbano de 11,7 quilômetros da BR, entre a encruzilhada de Ana Rech e o entroncamento com a Avenida São Leopoldo.
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Se persistir a falta de engajamento político, a desatenção de governos e a expectativa de melhorias baseada em projetos caros, é provável que a mortalidade se mantenha.
Embora o trecho urbano da rodovia tenha mais de cinco décadas, não houve mobilização para garantir de fato o bem estar dos pedestres. Crianças e adultos disputam espaço com veículos no acostamento e durante a travessia. Esse cenário precário é um desaforo para uma cidade que se tornou o segundo polo metalmecânico do país, e que tem a BR como corredor para escoamento da produção nacional e dos países do Mercosul.
Enquanto os governos historicamente alegam falta de recursos e esbarram na burocracia para justificar falta de obras em Caxias, há bons exemplos em trajetos semelhantes da BR-116 no Estado. Ainda nos anos 1960, os 11 quilômetros de trecho urbano em Canoas foram duplicados e, na década seguinte, surgiram ruas laterais e passarelas. O extinto Departamento Nacional de Estradas de Rodagem (DNER), hoje DNIT, elaborou o projeto em Canoas. As obras foram financiadas pela União.
Os números comprovam a eficácia das passarelas. Em Canoas, coberta por 10 passarelas, cinco pessoas foram atropeladas e uma delas morreu neste ano. Em Caxias, sem nenhuma passarela, o índice é o triplo: 18 atropelamentos, incluindo três mortes. Propagandeada na gestão de José Ivo Sartori (PMDB) na prefeitura como solução para desafogar o trânsito, a ideia de uma alça da BR-116 não é novidade. O engenheiro e mestre em Transportes Mauri Adriano Panitz, que atuou no antigo DNER, lembra que nos anos 1950 o Departamento já pensava em uma nova estrada para Caxias.
- Entrei no DNER nos anos 1960 e vi documentos anteriores que já falavam disso. Já se pensava que um dia esse trecho da BR-116 se tornaria perigoso e obsoleto. Esse é um dos grandes problemas, tem gente pensando que inventou a roda - critica.
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