Mastectomia era uma palavra temida por mulheres que recebiam o diagnóstico de câncer de mama. Sinônimo de mutilação, até o final da década de 1980, era o procedimento mais indicado para o tratamento da doença. Retiravam-se glândulas mamárias, músculos peitorais e linfonodos (gânglios linfáticos sob as axilas), normalmente comprometidas por tumores em estados avançados. Atualmente, a medicina proporciona alternativas em que a mastectomia só é opção em casos extremos.
- Hoje, a quimioterapia consegue reduzir tumores em estado avançado, com mais de cinco centímetros. Em 60% dos casos, esses tumores desaparecem. Dessa forma, pode-se preservar praticamente toda a mama. Só retiramos tudo em casos muito graves - explica o mastologista e especialista em reconstrução de mama, Maximiliano Cassilha Kneubil, 34 anos.
Segundo o especialista, a cirurgia mais comum é a chamada conservadora, em que se retira apenas a parte afetada pelo câncer, mantendo o restante da mama. Nesses casos, as pacientes submetem-se ao que a medicina denomina Oncoplástica.
- É uma cirurgia em que retiramos o tecido mamário com os nódulos e, ao mesmo tempo, realizamos técnicas de mamoplastia, ou seja, a redução e reconstrução das mamas, mantendo a simetria de ambas. Em caso de mastectomia, as pacientes recebem próteses de silicone. São procedimentos que dão às mulheres mais qualidade de vida e mantém a feminilidade - ressalta o médico.
Outra técnica é a utilização de um expansor mamário, que permite ao corpo "gerar" pele extra. Um dispositivo de silicone é inserido sob a pele e, em seguida, preenchido com soro, fazendo com que a pele estique e cresça. Em seguida, troca-se pela prótese.
- Às vezes, não conseguimos esticar a pele com o expansor, principalmente se ela foi radiada. Utilizamos então o Retalho Miocutâneo, que pode ser retirado da barriga ou de um músculo das costas (Grande Dorsal) para a reconstrução da mama. Mas são casos raros.
A policial militar de Bom Jesus, Sara Fernanda Cauduro, 37 anos, foi diagnosticada com câncer na mama esquerda em fevereiro deste ano. Após 15 sessões de quimioterapia, o tumor que tinha 9 cm regrediu para 2 cm. Como o câncer não atingiu a pele, ela foi submetida a uma cirurgia preservadora.
No procedimento, se retira as glândulas mamárias, mas se mantém pele, aréola e mamilo, e coloca-se a prótese. A cirurgia de Sara foi semelhante a que a atriz Angelina Jolie fez em 2013. Mas, ao contrário da atriz, Sara fez o esvaziamento de linfonodos sob a axila esquerda:
- Fiz a cirurgia no dia 10 de setembro e ainda estou me acostumando com as próteses. Graças a Deus foi possível manter a aréola e o mamilo. Mas perdi a sensibilidade. A reconstrução imediata proporciona melhor qualidade de vida, reduz o impacto emocional, tem resultado estético melhor, mantém presente a feminilidade e a recuperação da sexualidade.