Estudo elaborado por acadêmicos de Psicologia da FSG mostra que a situação econômica reflete diretamente na expectativa de vida do caxiense. Ainda que a média sugerida pelo IBGE é de que o brasileiro viva até 74,6 anos, a pesquisa aplicada em Caxias revela que 67% dos homens que sobrevivem com até R$ 181 mensais não chegam aos 60 anos. São pessoas com família que sequer têm renda para arcar com os custos do velório. Nesses casos, quando a vulnerabilidade social é comprovada, quem banca o sepultamento é a prefeitura. Na contramão, somente 28% dos homens de famílias que têm condições de pagar o funeral morrem antes dos 60.
Ainda que a mulher brasileira tenha expectativa de vida superior ao do homens (78,3 anos), aquelas com renda pequena também morrem mais cedo. Entre as que têm o enterro pago pela prefeitura, 54% partem antes dos 60, contra 86% das que têm funeral pago pela família.
Os números são baseados em 1,3 mil atendimentos prestados pelo Grupo Formolo de setembro de 2011 a agosto de 2013. O líder do estudo acadêmico, Gilson Menegol, atua na empresa e teve acesso às informações. O levantamento é inédito na cidade e foi apresentado no Congresso da Sociedade Brasileira de Geriatria e Geontologia, no primeiro semestre, em Belém (PA).
- O público ficou chocado. Ninguém imaginava que Caxias, lugar aparentemente perfeito, rico e bonito, registra esses números - lembrou a professora coordenadora do trabalho, Veronica Bohm.
Na pesquisa, identificou-se o gênero, renda e data das mortes. Ainda não há as causas dos falecimentos, mas Menegol está debruçado sobre esse aspecto para o Trabalho de Conclusão do Curso. Ainda que sem informações conclusivas, o estudante da FSG percebe que grande parte dos enterros pagos pela prefeitura é associada a mortes violentas, como suicídio, drogas e homicídios. Há também casos que envolvem doenças que poderiam ser evitadas ou tratadas, como pneumonias e viroses.
- Isso mostra que, se o pobre morre antes dos 60 anos, ele não tem direito a sequer usufruir de aposentadoria - conclui.
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