Grande parte dos atropelamentos registrados na área central de Caxias resultam em ferimentos leves nas vítimas. O fluxo intenso de veículos não possibilita o tráfego em alta velocidade. Em um atropelamento a 35 Km/h, a probabilidade de morte é de 5%. No dobro da velocidade, o índice sobe para 85%. Mas há exceções.
Uma das ocorrências mais sérias registradas neste ano na área central envolveu Luana Oliveira Turquielo, 24 anos. Ela estava com emprego novo e preparava a compra do primeiro apartamento com o noivo, Jefferson de Oliveira Bordin, 26 anos. Os planos foram interrompidos quando Luana foi atingida por um carro em alta velocidade no dia 16 de maio. Ela estava sobre uma faixa de pedestres, na esquina das ruas Dr. Montaury com a 20 de Setembro. Uma pick-up Corsa projetou o corpo da jovem para o outro lado da rua.
- Justo com a Luana que sempre olhava mil vezes para atravessar a rua e brigava comigo quando não atravessava na faixa de pedestre - lembra o noivo.
Socorrida pelo Samu e encaminhada ao Hospital Pompéia, Luana ficou hospitalizada 35 dias, sendo 26 deles na UTI. O caso era grave e Luana sofreu traumatismo craniano, entre outros ferimentos.
Em casa desde a metade de junho, ela depende dos cuidados da família para empregar qualquer esforço. Uma tia é encarregada de cuidar durante o dia da jovem. À noite, a tarefa é repassada ao noivo. Luana não sai do quarto dos fundos da casa que vive, na Rua Ernesto Alves, há pelo menos um mês. Só se movimenta do cômodo até a sala - e até esse simples movimento exige que seja carregada pelo companheiro.
- Só quero sair dessa cama e poder fazer as coisas sem depender dos outros - afirma, com esforço.
Luana não caminha e fala com bastante dificuldade. A rotina que antes era dividida entre trabalho e afazeres domésticos hoje é focada em fisioterapia e idas a médicos. Mesmo assim, nem Luana nem a família reclamam. Quando classificam o acidente, citam palavras como renascimento e sorte.
- Aprendemos que a vida é muito rara. De um dia para o outro, toda a nossa vida mudou. Tudo mudou. O foco agora é na recuperação. Aconteceu com a Luana, pode acontecer com qualquer um -encerra Jefferson.