Nas Casas Bonet, um dos pontos mais conhecidos do roteiro Estrada do Imigrante, em Caxias do Sul, a Copa do Mundo no Brasil mais atrapalhou do que trouxe movimento. De acordo com Rosilene Formighieri Tonietto, uma das administradoras do espaço, o movimento, que é regular com exceção da grande procura no período da Festa da Uva, caiu muito em junho.
O que ajuda a manter uma procura razoável, segundo ela, é a propaganda boca-a-boca de pessoas que já conheceram o museu e as casas centenárias na 3ª Légua. Entre os atrativos, as Casas Bonet oferecem almoço típico, venda de vinhos e sucos e passeio de carretão.
- A divulgação ainda é muito fraca. Quem vem é atraído por indicação de outros que já vieram. Nosso melhor momento foi na penúltima Festa da Uva (em 2012). Mesmo assim, se dependêssemos apenas dos turistas de fora, já teríamos fechado as portas até porque não temos condições de investir mais - revela Rosilene.
De acordo com ela, seria preciso melhorar a sinalização turística, além de ampliar a divulgação do roteiro, inclusive dentro da cidade.
- Tem gente de Caxias do Sul que não sabe que existimos. Como vamos trazer mais pessoas de fora? - questiona.
A saída para continuar trabalhando na área, conforme Rosilene, foi investir em eventos locais, como festas de formatura, casamentos, aniversários e passeios de escolas. Entre setembro e novembro, por exemplo, a agenda com estudantes está lotada.
Enquanto não podem sobreviver exclusivamente de turismo, as famílias proprietárias do espaço se dedicam à agricultura e plantação de uvas.
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Também na Estrada do Imigrante, dona Ivete Zinani, 62 anos, sente-se frustrada com a queda do movimento. Além de uma pousada e uma casa centenária que pertence à sua família e onde mantém um museu e espaço para venda de produtos coloniais, Ivete também prepara café colonial sob encomenda. Mas a procura, confessa, é ínfima. Em abril, foram 39 visitantes, sendo apenas 15 de fora de Caxias do Sul. Junho foi ainda pior: apenas 17 visitantes, sendo 11 de fora.
- A última vez que recebi um grupo grande foi na Festa da Uva, de 23 pessoas para um café - revela Ivete.
De acordo com ela, o movimento vem caindo aos poucos, ano após ano a partir de 2011. O período entre 2008 e 2010, afirma, foi o melhor. Naqueles anos, estava com a pousada sempre ocupada e aos finais de semana havia grupos para conhecer o museu ou se deliciar com o café colonial preparado por ela.
- Havia uma integração maior, a gente participava de reuniões, a secretaria estava mais presente, davam valor pra gente. Na última Festa da Uva, precisei implorar para conseguir folhetos da cidade para distribuir aqui - reclama.
No orquidário Pebi, a situação é um pouco diferente por envolver comércio e porque os proprietários participam de várias exposições orquidófilas no Estado, o que ajuda a divulgar o negócio. Mas o movimento, segundo a proprietária Lídia Teresa Mugnaga, também depende bastante da situação da economia.
O ano passado, por exemplo, foi excelente. De janeiro para cá, no entanto, ela conta que sentiu os clientes mais acanhados nas compras.
- Eles mesmo nos dizem que os negócios estão passando por dificuldades e gastam menos, compram os exemplares mais baratos - conta.
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