Moradores de Flores da Cunha estão indignados com o corte de 33 árvores do pátio da Escola Estadual de Ensino Médio São Rafael, uma das mais tradicionais da cidade. A remoção da maioria das plantas, executada nas férias escolares, surpreendeu a comunidade.
Nas redes sociais, ex e atuais alunos questionam o corte. O diretor Vitório Francisco Dalcero explica que agiu por segurança. Segundo ele, um temporal em fevereiro derrubou algumas árvores sobre fios de alta tensão. Por isso, os pais estariam preocupados e cobravam providências.
- A partir do início do ano letivo, o tema foi tratado em assembleia de pais e em reuniões de Conselho Escolar e Círculo de Pais e Mestres. Sempre que o tema foi abordado, as manifestações foram pelo corte das árvores em nome da segurança - destaca Dalcero.
O diretor também alega que raízes ameaçavam o muro da escola, que já apresenta inclinação e rachaduras. Em outubro passado, a escola foi notificada pelo Corpo de Bombeiros, que enviou um relatório de investigação de sinistro apontando as árvores como provável causa dos problemas no muro.
- Encaminhamos o auto de infração à Coordenadoria Regional de Educação que, através do Departamento Jurídico, orientou a tomada de procedimentos junto à Secretaria de Meio Ambiente.
Conforme Dalcero, no dia 3 de julho a escola recebeu o Alvará Florestal autorizando o corte de 21 árvores exóticas e 12 nativas.
- Não somos adeptos de retirar árvores sem motivo, longe disso. Nós, como educadores, não podemos trabalhar nessa linha. As árvores estavam muito grandes e não tinha como fazer uma ação diferente. Ou você deixa como elas estavam e fica à mercê de uma fatalidade, ou você age - afirma.
Árvores nativas deverão ser plantadas para repor o corte, determina o alvará florestal. Dalcero explica que o plantio será através de um projeto de paisagismo que inclui também uma passarela para proteção da chuva desde o portão até a entrada do prédio.
A professora aposentada Rosangela Folchini, 50 anos, diz que a prevenção é insuficiente para justificar a derrubada. Ela, que estudou e trabalhou na escola, acompanhou de longe a remoção das plantas.
- Ajudei a plantar muitas árvores no meu tempo de aluna. Devastaram a escola com a desculpa de que algumas caíram com o temporal. Mas e as que estavam boas? Posso afirmar que a maioria estava sadia. Eles achavam que as árvores ofereciam risco às crianças, mas em dia de chuva elas não vão para o pátio. Agora, quando passo pelo local dá vontade de chorar.