Os olhos roxos podem até assustar à primeira vista mas, de certa forma, são sinal de alívio para a família de José Vitor Blauth Timóteo. Pelo menos ele está ali, vivo e de volta para a família composta pelos pais e os dois irmãos mais novos no loteamento Veneza, no bairro Santa Fé. O jovem de 19 anos é um dos sobreviventes do acidente que vitimou dois amigos no dia 13 de maio, na Rota do Sol, em Caxias do Sul. Ele admite o excesso de velocidade do Voyage e a imprudência do motorista ao volante ao colidir com o Ômega.
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- Foi imprudência, sim. Havia um carro na nossa frente que devia estar a uns 60 quilômetros por hora. Quando fomos ultrapassar, ele não deu lado. Nós estávamos entre uns 80 e 100 quilômetros por hora, não sei dizer com certeza. Ouvi o Jean comentar alguma coisa, depois vi um clarão, aconteceu a freada... Ainda bem que eu estava com o cinto de segurança. O Filipe era o motorista - revela.
Vitinho, como é conhecido pelos mais próximos, fala com aparente tranquilidade sobre o acidente. Embora economize nas palavras, se mostra ciente de que sua vida deve continuar após a perda dos amigos Francis Telles da Silva e Jean Carlos da Silva Oliveira, esse último com quem convivia mais. No momento da colisão, estava sentado no banco traseiro, atrás do caroneiro, justamente Jean. Jogando no celular, conta que notou a ultrapassagem por outro carro e, em seguida, desmaiou, recobrando os sentidos instantes depois.
- No momento em que batemos, dei uma apagada. Lembro que acordei depois e estava fora do carro, um senhor estava me socorrendo. Voltei para buscar meus documentos, alertei o senhor que eu tinha plano de saúde e só vi que estava machucado porque ele me fez parar de caminhar e apontou que eu estava com um corte feio na perna e a cabeça bastante inchada. Depois, veio a ambulância e acordei no hospital - conta.
Vitor reforça ainda que a turma não estava atrasada para o jogo de futebol para o qual estavam indo. A partida estava marcada às 20h30min em um ginásio no bairro Santa Lúcia e o acidente ocorreu às 19h30min. A turma ainda passaria na residência de outro integrante do time, no Desvio Rizzo, para buscá-lo. Porém, o trajeto foi interrompido no Km 77 da ERS-122.
- Eu sempre levava eles para os jogos. Aquele dia deu um acaso deles se organizarem por conta e irem juntos - lamenta Emerson, pai de Vitor.
Sentado no sofá de casa passados seis dias no Hospital Virvi Ramos e com um corte que mereceu 20 pontos na perna esquerda e requer o uso de muletas, o menino se alegra ao não dar conta de responder as mais de 200 mensagens de apoio que recebeu pelo Facebook. Quando estava em recuperação no hospital, não ficou um minuto sem receber a visita de amigos e parentes.
- Uma enfermeira chegou a pedir se eu era jogador de futebol, porque sabia que eu gostava de jogar - diz o torcedor fanático do Caxias e integrante da torcida organizada Forza Granata.