Maurício Reolon
Se está na manutenção da intensidade pelo maior tempo possível um dos segredos do futebol moderno, o time do técnico Picoli tem conseguido sucesso. Os números mostram que, desde o início da temporada, tem sobrado fôlego para o Juventude na reta final das partidas.
Justamente no momento em que o adversário cai um pouco de produção fisicamente, o Juventude mantém a intensidade e tem conquistado importantes resultados por conta disso. Dos 35 gols marcados pela equipe na temporada, 26 ocorreram no segundo tempo e 11 deles depois dos 30 minutos.
- É o fruto positivo do nosso trabalho integrado, conhecendo quando o jogador consegue render, quando começa a perder rendimento, e as peças que tem para mexer, deixando clara nossa estratégia. É um trabalho para continuar competitivo, perigoso e tentando imprimir o melhor ritmo possível nos 90 minutos - avalia o preparador físico Rodrigo Squinalli.
Na Série C, a proporção é ainda mais significativa. O Juventude fez 14 gols e 11 deles saíram após o intervalo. Desses, cinco vieram nos 15 minutos derradeiros. E não se trata apenas de jogadores que entraram na segunda etapa, casos de Lucas Roggia, contra o Madureira, ou Paulo Baier, diante do Guaratinguetá. No duelo diante do Tombense, o gol decisivo saiu dos pés de Wallacer, que iniciou a partida. O mesmo havia ocorrido com Obina, que marcou no empate contra o Guarani.
- Todos times perdem rendimento. Talvez o melhor preparado é aquele que perde menos. Cada jogo é diferente, de acordo com o adversário e as exigências. Não é uma receita de bolo ou algo pronto. Alegra a comissão técnica chegar no final do jogo bem, como tem ocorrido - diz Squinalli.
Além da questão física, os números fazem parte da estratégia do comandante. Desde o início da carreira como treinador, Picoli gosta de ressaltar a importância de deixar algumas opções guardadas, peças que possam entrar na segunda etapa e mudar o rumo do duelo.
- Várias vezes falei sobre isso desde que assumi o Juventude em 2011. Gostaria sempre de ter uma carta na manga. O tempo tem me mostrado isso, que todos se estudam. Quer tiver a competência de neutralizar o adversário e ter sempre algo diferente para apresentar tem sido vencedor. Em competições equilibradas, é ainda importante ter essas alternativas que mudem radicalmente o jeito de jogar - destaca Picoli.