
"Deve dar de fazer pela internet" é uma suposição corriqueira para quem muitas vezes não encontra tempo na rotina diária. A facilidade, afinal, é uma das grandes vantagens surgidas com a tecnologia. Da contratação de serviços a compras intercontinentais com traduções simultâneas, muito do que era impensável para gerações que cresceram no Século 20 tornou-se comum a partir dos anos 2000. Um dos segmentos mais beneficiados é o comércio, que com a internet deixou de ser dependente do chamado "horário comercial" de funcionamento.
Pesquisa divulgada pelo Centro Universitário da Serra Gaúcha (FSG) aponta a existência de mais de 675 mil lojas virtuais no Brasil, o que coloca o país na 10ª colocação do ranking de faturamento do e-commerce mundial. Segundo o estudo, no Rio Grande do Sul, estimam-se mais de 30 mil sites de venda.
De acordo com dados levantados pela caxiense WR Ecossistemas Digitais a partir do relatório da Ebit (portal de classificação de lojas virtuais) de 2018, Caxias do Sul participava no ano passado com apenas 5,7% do volume de vendas do comércio eletrônico no Estado.
— Nossa percepção é de que este número está aumentando, seguindo uma tendência que no país chegou a em torno de 20% no primeiro semestre de 2019, na comparação com o mesmo semestre de 2018 — informa o coordenador de Tecnologia, Informação e Inovação da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul, Cleber Figueredo.
A perspectiva de crescimento, afirma ele, baseia-se na convivência com operações comerciais por aplicativos que surgiu nos últimos dois anos na cidade.
— Aplicativos com Uber, Donnamaid, UberEats, iFood e outros fazem parte cada vez mais das nossas vidas, e a tendência é de que outros aplicativos e marketplaces tornem-se mais presentes — complementa.
Para Figueredo, os próprios resultados econômicos que empresas pioneiras no uso da modalidade estão obtendo servem de referência e inspiração para empresários e lojistas.
— Nosso entendimento é de que o caxiense está puxando a oferta de serviços e produtos pela internet o que vai, em espaço de tempo muito curto, mudar a cara do nosso comércio.
E conclui:
— Nós costumamos dividir as empresas em três grupos: as que investiram em plataformas e hoje estão colhendo resultados, as que estão investindo e aprendendo e as que ainda estão estudando como fazer isto mas não colocaram nada em prática. Veja que nesta divisão não citamos ninguém que não está pelo menos considerando o assunto.
Na palma da mão
O aumento de oferta do e-commerce, segundo Figueredo, também é motivada pela demanda, pelo uso cotidiano de celulares e smartphones para sondagem de consumo.
— Existe uma máxima que diz que o dinheiro flui para onde está a atenção das pessoas. E hoje a atenção está na palma de sua mão, no seu smartphone. Isto faz com que qualquer marca ou empresa trabalhe seus anúncios e seus canais de vendas para aplicativos.
Conforme o Ebit-Nielsen, o M-Commerce (Mobile-Commerce, o comércio por dispositivo móvel) respondeu por cerca de 42% dos pedidos online em todo o país no primeiro semestre de 2019. Em junho de 2014, as vendas por celulares representavam cerca de 7%. Em janeiro de 2011, 0,1%.
NO RS
Em 2018, o Estado foi o que mais cresceu no país em pedidos online, contabilizando cerca de 1,8 milhão encomendas — um crescimento de 24% em comparação ao ano anterior.
O comportamento do consumidor caxiense
Produzido por 29 alunos da disciplina de Pesquisa de Mercado do curso de Tecnológo em Gestão Comercial da FSG, ministrada pelo professor Rafael Zeni, o estudo Dificuldades encontradas pelos caxienses ao realizarem compras online trouxe, por meio de amostragem, panorama do comportamento do consumidor caxiense no e-commerce.
Na pesquisa, foram entrevistadas 246 pessoas de diferentes classes sociais, faixa etária e gênero. O material informa margem de erro de 5% aos resultados informados.
Entre os problemas verificados na modalidade de consumo, o grupo confirmou algumas constatações, como entraves relativos a atrasos nas entregas, extravio de produtos, assim como materiais com qualidade inferior à descrição da internet.
— Outro fator de destaque é a eventual falta de habilidade dos consumidores no ambiente virtual, sobretudo inerente às gerações mais "velhas", o que ocorre de forma similar em Caxias e no resto do Brasil — destaca o professor Zeni.
E acrescenta:
— Uma constatação interessante é que boa parte dos caxienses costuma visitar lojas físicas antes de comprar online, sobretudo com o intuito de conhecer o produto e comparar preços.
