A Serra Gaúcha está entre as regiões do Estado que mais abre agroindústrias do Estado. Dados da Emater/RS-Ascar indicam que a cada semana surge, em média, um novo negócio. Atualmente são 166 na área de abrangência da Emater, que envolve 49 municípios. Em dezembro de 2016 eram 152. A expectativa, segundo o assistente técnico da Emater Ricardo Capelli é de que até o final do ano se estabeleçam mais 20 novos empreendimentos ligados à agricultura familiar – mais de quatro por mês e crescimento de 22% em relação ao ano passado. Os investimentos na área se devem, principalmente, ao programa Estadual da Agricultura Familiar (Peaf), que oportuniza o pequeno agricultor a montar sua indústria sem ter CNPJ.
— Ele pode comercializar seus produtos como pessoa física. Isso, no entanto, não o exime de cumprir as exigências sanitárias — explica Capelli.
No Estado, a cada três dias, uma agro é legalizada via Peaf. Até agosto deste ano, 1.047 negócios estavam legalizados no programa e quase 3 mil cadastrados, segundo a Secretaria de Desenvolvimento Rural , Pesca e Cooperativismo (SDR).
O pequeno agricultor sempre teve poucas chances de escoar seus produtos sem tropeçar com intermediários ou enfrentar a competição dos grandes produtores. É para ele que surge a agroindústria familiar – a fabricação de produtos caseiros, em pequena ou média escala, para venda direta à redes de supermercados ou casas especializadas
É o caso do agricultor de Nova Pádua Gilnei Menegat, 43 anos. Há três anos, ele começou a pensar na possibilidade de direcionar parte da produção dos 10 hectares de área plantada para a fabricação de produtos com a sua marca. Em fevereiro deste ano, inaugurou seu novo negócio, a Più Seleto (mais seletivo). A linha ainda é pequena. Conta com 5 mil unidades de seis diferentes sabores de chimias e conservas.
Produzidos totalmente de forma artesanal, os produtos já fazem sucesso nas delicatesses (lojas de comidas finas e iguarias) da região. O próximo passo da agroindústria de Nova Pádua já está encaminhado: a produção de frutas desidratadas. A estufa já está pronta.
Investimento
Menegat é um agricultor disposto a inovar. Isso fez com que ele ousasse no novo negócio. Investiu R$ 234 mil na construção do prédio de 126 metros quadrados e em equipamentos. Cumpriu todas as exigências sanitárias, buscou conhecimento por meio de cursos na Emater e Sebrae e aposta num retorno a curto prazo. A maior parte da produção da propriedade dos Menegat ainda vai para o Ceasa e redes de supermercados, mas ele foca no crescimento de sua agroindústria.
Pai de dois filhos, de 10 e 14 anos, Menegat pensa no futuro deles.
— Gostaria que eles permanecessem aqui no interior. Que pudessem se sustentar com a qualidade de vida que temos aqui — ressalta.
Para isso, ele foca no legado que vai deixar: produtos de alta qualidade e com muito valor agregado.
A matéria-prima, segundo ele, tem que ser de primeira. A produção também.
— A meta é fazer bem feito e lembrar o sabor da comida da nona.
Por enquanto, ele e a esposa, Alessandra, tocam o negócio. Os pais tomam conta das lavouras. Mas a perspectiva é contratar novas pessoas e ampliar o mercado de vendas. A participação na Expointer já abriu novos horizontes.
— Foi um divisor de águas.
A próxima feira já agendada para outubro, em Ijuí.