Ivanete Marzzaro
O consumo de pinhão está em alta. Ele voltou a ocupar as gôndolas dos mercados e às margens das rodovias da Serra. Quem viaja pelas RS-122 e BR-116 se depara com os vendedores da semente a cada dois três quilômetros. Segundo dados da Emater Regional de Caxias do Sul, a produção deste ano teve um aumento de até 30% comparada com a de 2016.
Somente em quatro municípios da Serra Gaúcha (São Francisco de Paula, Cambará do Sul, São José dos Ausentes e Caxias do Sul), a produção deve chegar a 290 toneladas. No Estado, a expectativa é de 900 toneladas. O maior produtor é São Chico, com 170 toneladas. Caxias do Sul deve colher cerca de 20 toneladas.Segundo a engenheira florestal da Emater/RS-Ascar do Regional de Caxias do Sul, Adelaide Kegler Ramos, além da produtividade superior, a safra deste ano apresenta boa qualidade. Isso se deve às condições climáticas favoráveis, relacionadas às horas de frio e à ausência de chuva no período de polinização.
– Também observamos pinhas de bom tamanho, com o peso variando entre dois e três quilos – destaca.
A safra deste ano ainda não está plena ou “cheia”. Adelaide explica que por ser uma planta nativa, a araucária não recebe manejo e nem a interferência do homem e por isso está sujeita à flutuação de produção. Observações feitas por produtores no campo indicam que a árvore passa por ciclos de quatro a cinco anos, alternando volumes altos e baixos da semente. O clima também interfere na produção.
– Pelo desenvolvimento das pinhas prevemos uma safra melhor para o ano que vem. Porém, o tempo tem que ajudar. As araucárias precisam de frio e pouca chuva nos meses de agosto e setembro – explica.
Oportunidade de negócio
A colheita da semente é feita manualmente e representa importante fonte de renda para muitas famílias, além de ser um produto tradicional e alimento característico para a população na Serra.
– Há poucas ações de beneficiamento, industrialização e conservação do produto, o que restringe o período e os volumes de vendas – afirma Adelaide.
A comercialização é praticamente toda informal, feita diretamente pelos extrativistas em diferentes mercados locais. A maior parte ainda é comercializada por meio de intermediários, que levam o produto para centros maiores. Os preços pagos ao produtor nesta safra variam de R$ 2,50 e R$ 5. Na Ceasa Serra, o quilo é vendido a R$ 3,66 e, nos supermercados e fruteiras da região, atinge um valor entre R$ 4,80 e R$ 9,80. Nas estradas o preço médio é de R$ 5.
A engenheira florestal ressalta que o processamento da semente, na forma de pinhão moído ou de paçoca, é uma boa oportunidade para agregar valor significativo ao produto, sendo a paçoca vendida ao preço médio de R$ 15 o quilo.