Silvana Toazza
Após ter solicitado informações adicionais sobre a transação e as empresas envolvidas – o que gerou apreensão no mercado automotivo pesado de Caxias –, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), órgão do Ministério da Justiça e Cidadania, aprovou nesta semana, sem restrições, a incorporação da L&M, controladora direta da San Marino Ônibus (Neobus), pela Marcopolo.
O sinal verde não significa que a aquisição esteja absolutamente fechada, mas permite que os estudos e as negociações sigam em frente. Com isso, o polo caxiense de fabricação de carrocerias de ônibus será o maior do país, detendo quase 50% do mercado nacional.
Em seu despacho, o Cade alega que é improvável que a operação resulte em prejuízo à concorrência e justifica que o mercado de carrocerias de ônibus encontra-se em seu pior momento nos últimos anos, com uma retração da demanda nacional de quase 50% em um ano. O parecer destaca ainda que a Marcopolo "continuará a enfrentar rivalidade efetiva por parte dos concorrentes, mesmo sendo detentora de uma participação de mercado expressiva".
A Marcopolo já tinha participação direta de 45% na Neobus e, por meio da operação, assume a totalidade das quotas da Neobus detidas pela L&M. Pela transação autorizada, os sócios da L&M passam a deter uma participação minoritária inferior a 3% da Marcopolo. As duas companhias continuarão a atuar de maneira independente no mercado nacional e internacional, em termos de produtos, rede de comercialização e serviços, anunciou na época em que foi formalizada a carta de intenções o CEO da Marcopolo, Francisco Gomes Neto.
Em entrevista em novembro de 2015, Edson Tomiello, CEO da Neobus, argumentava que a troca de participação por ações da Marcopolo permitirá à Neobus seguir independente nos aspectos de rede, comercialização, distribuição e portfólio de produtos.
– No futuro, também poderemos aproveitar recursos fabris e logísticos, entre outros benefícios. O grande objetivo é a expansão do mercado internacional, visando otimizar e conquistar novos mercados e solidificar a marca – enfatizou Tomiello.
A carta de intenções previa que os atuais controladores da Neobus assumirão posição de acionistas da Marcopolo, permanecendo na gestão direta das operações da Neobus, como forma de preservar os fatores competitivos da marca.
No início de maio, a Marcopolo admitiu, durante teleconferência com analistas, que estuda a possibilidade de fechamento de fábricas no país para reduzir custos e ampliar a eficiência operacional. Uma das plantas que entraria em estudo de viabilidade seria a da Neobus em Três Rios (RJ). Isso porque o volume de encomendas recebidas pela Neobus seria insuficiente para manter as duas unidades em operação – a outra fica em Caxias. A acompanhar.