Mesmo se o Brasil não estivesse passando por uma crise econômica geral, o consumo dos brasileiros iria começar a cair em um futuro próximo de qualquer forma, já que as famílias estavam extrapolando os limites de endividamento. A análise é de Fabiana D'Atri, coordenadora do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, que esteve em Caxias nesta quinta-feira.
A economista palestrou no seminário Perspectivas Econômicas para 2015 e 2016, que foi realizado pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul (Simecs). O encontro contou com palestras sobre o cenário geral, além de projeções para ramos específicos, como de implementos rodoviários, ônibus, tratores e eletroeletrônicos.
Conforme Fabiana, a crise atual é um bom momento para as famílias e empresas fazerem uma autoavaliação sobre seus gastos. E isso está ocorrendo, já que até mesmo quem não está desempregado está consumindo menos.
- O brasileiro se achou rico, sem ser rico. Comprou casa, carro, viajou, experimentou novos restaurantes e roupas tudo ao mesmo tempo. Uma empresa que fez muita coisa de uma vez, quebra. E isso iria acontecer cedo ou tarde com as famílias também -explica.
Um dos principais problemas do país, segundo a economista, é a disparidade entre o crescimento dos índices de salários e a produtividade. É preciso que haja um equilíbrio entre esses fatores para o Brasil ser competitivo internacionalmente.
- Esse momento de retração é uma boa hora para as empresas avaliarem o que é custo e o que é produtividade - acredita.
Fabiana aponta que para o país voltar a crescer de forma significativa - 4% ou mais - é necessário que o governo invista em infraestrutura, faça acordos comerciais atrativos com países estratégicos e realize micro reformas, especialmente em questões trabalhistas.
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