O conselho de gastar menos do que se ganha nunca calhou tão bem como agora. O primeiro bimestre difícil na economia brasileira e as projeções desanimadoras exigem realinhamento do orçamento familiar. A precaução tem dois motivos: o impopular ajuste fiscal do governo federal e a desconfiança provocada pela crise política.
Jacqueline Maria Corá, professora e coordenadora do Curso de Ciências Econômicas da UCS, sugere cautela nos gastos de casa porque haverá efeito negativo no mercado com o alta da taxa de juros básica para 12,75%, aprovada na semana passada. É remédio amargo para segurar a inflação, e o impacto será sentido principalmente entre trabalhadores.
Se no ano passado Caxias do Sul já perdeu 5 mil postos de trabalho no setor metalmecânico e viu a economia local minguar 7,3%, a previsão é de forte desaceleração e mais cortes de vagas.
- O início de 2015 não foi nada bom em termos econômicos e os principais indicadores são negativos. A situação do emprego segue na mesma linha que a atividade econômica. Assim, se ocorre uma projeção de PIB negativo, as projeções são que aumente a taxa de desemprego (que já aumentou para 8,1% em 2014) - diz Jacqueline.
A combinação de PIB negativo e inflação além da meta de 4,5% produz o que os economistas batizam de estagflação, ou uma recessão, algo desastroso. Isso ocorre porque o aumento de preços é contínuo mesmo sem crescimento do consumo. Para Jacqueline, o aumento de taxa de juros acaba não forçando a inflação para baixo. A lógica de poupar e cortar o supérfluo precisa ser ponderada.
- A crise política vem agravando o problema econômico pela falta de confiança que passa ao mercado, e isso fica bastante visível na taxa de câmbio do dólar, que já rompe a barreira dos R$ 3, uma situação que só ocorreu em outro momento de grande incerteza no cenário político-econômico do país - analisa Jacqueline.
Portanto, é recomendado levar a sério dicas de especialistas. Mais importante: não é momento de contrair novas dívidas.
DICAS*
1ª Planeje: faça um bom planejamento, anotando todos os compromissos financeiros no momento. Coloque os pequenos gastos do dia a dia, que podem ter uma grande participação no orçamento ao serem somados no fim do mês. Uma planilha de orçamento doméstico pode ajudar.
2º Combine com a família: tenha uma conversa franca em família e compartilhe com todos a atual situação econômica. O apoio e a conscientização são fundamentais para encarar qualquer tipo de dificuldade.
3ª Encare o momento: estabeleça uma sintonia entre a atividade econômica do país e o orçamento doméstico. Recue o quanto puder no consumo de supérfluos.
4ª Corte despesas: analise o que pode ser cortado neste momento sem que haja grandes prejuízos no dia a dia. Fuja dos gastos desnecessários, centralizando o dinheiro apenas no que for essencial.
5ª Cuidado com a renda: evite comprometer ainda mais a renda com financiamentos e parcelas longas. Com os juros mais altos, já está difícil pagar todas as dívidas assumidas e o caminho para a inadimplência pode estar ficando cada vez mais curto.
6ª Seja prudente com o cartão de crédito: controle os gastos com o cartão de crédito. Ao receber a fatura com as despesas já assumidas, faça o pagamento integral, evitando o crédito rotativo.
7ª Evite o cheque especial: deve ser visto como a última alternativa. Evite-o como complemento do salário. Se estiver precisando de dinheiro, procure outras possibilidades, como o crédito consignado que, entre as opções de empréstimo pessoal, possui uma das menores taxas de juros.
8ª Economize na compra de alimentos: tente substituir o que está mais caro por um produto que esteja com melhores condições. Muitos supermercados escolhem um dia da semana para promover produtos de feira. Aproveite.
9º Poupe no dia a dia: economize o quanto puder no dia a dia. Faça comparações e veja se é mais vantajoso fazer refeições dentro ou fora de casa, por exemplo. A mesma economia também deve valer para o consumo de água e luz. A energia elétrica já está mais cara em todo o país. Reaproveite a água para utilizá-la na limpeza da casa. Desligar os aparelhos eletrônicos da tomada quando não estiver usando-os também ajuda a diminuir os gastos.
10ª Renegocie dívidas: se já tiver caído na inadimplência, a orientação é renegociar a dívida. Explique ao credor a situação econômica e proponha valores e condições que caibam no bolso. A negociação pode ser feita com comodidade e segurança pela internet no serviço Limpa Nome Online. Basta entrar no site:www.serasaconsumidor.com.br/limpa-nome-online e se cadastrar.
* Serasa