Os destelhamentos e a falta de luz em centenas de casas não foram os únicos prejuízos decorrentes do vendaval e da forte chuva do último final de semana. A produção de uva - atividade que abrange mais de 20 mil famílias na Serra - também sofreu expressivos impactos em localidades de cidades como Caxias, Farroupilha, Flores da Cunha e Bento Gonçalves.
Em algumas propriedades, os prejuízos ultrapassam 30% em perdas. O estrago, detalha o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Caxias do Sul, Rudimar Menegotto, só não foi maior pela proteção natural que muitas videiras têm contra o vento.
- Nas propriedades com morros e encostas, o impacto foi menor. Por isso que em uma mesma localidade teve gente com grandes prejuízos e outros não - explica.
O vento, mais do que a chuva, foi o maior problema. Principalmente porque a maioria das variedades de uvas está atualmente em fase de floração, considerada a mais sensível etapa de todas.
- Além do prejuízo dos galhos que caíram, o produtor tem que retirar os que ficaram quebrados. Como fica uma espécie de ferida no galho que quebrou, é necessário ainda um tratamento mais intenso, o que eleva o custo de produção - detalha Olir Schiavenin, presidente da Comissão Interestadual da Uva e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Flores da Cunha e Nova Pádua.
Saber ao certo o prejuízo total na região ainda é cedo, avalia Schiavenin, já que alguns galhos foram danificados, mas não quebrados e podem se recuperar. Na propriedade de Joel Mazzarotto, 36 anos, entretanto, já dá pra se ter uma ideia: o agricultor acredita que cerca de 30% da produção - que costuma ser de 160 toneladas anualmente - tenha sido perdida. Ao todo, ele conta com sete hectares (quatro de uvas orgânicas e três convencionais) em São Gotardo, interior de Flores da Cunha.
- O produtor já enfrenta a baixa valorização no preço da uva e ainda tem que sofrer com o clima, que eleva ainda mais os custos. É bem complicado - lamenta.