Duas propostas, uma de bancos particulares e outra de um grupo de credores, foram apresentadas nesta terça-feira, de última hora, para ajudar a Argentina a evitar a segunda moratória da divida publica em 13 anos. O ministro da Economia, Axel Kicillof, viajou para Nova York nesta terça-feira para participar da última rodada de negociação com advogados norte-americanos. O governo argentino tem até esta quarta-feira para chegar a um acordo com os chamados fundos abutres - que compraram papéis da divida a preços baixos, depois do calote de 2001, e entraram na Justiça para cobrar o devido, sem o desconto de 65%, negociado com a grande maioria dos credores. Bancos privados argentinos ofereceram depositar US$ 250 milhões, como garantia de que a Argentina cumprirá a decisão do juiz Thomas Griesa, de Nova York, de pagar os fundos abutres sem descontos, a partir de 2015.
Leia todas as últimas notícias de Zero Hora Ao mesmo tempo, detentores de títulos da divida argentina da Europa enviaram uma carta ao juiz, pedindo uma trégua até o final do ano: ou seja, que Griesa autorize o pagamento das parcelas da divida reestruturada até o fim de 2014, quando caduca a chamada Cláusula Rufo (Rights Upon Future Offers, em inglês), que protege os credores que aceitaram a negociação inicial. Até inicio da noite, não havia uma decisão tomada sobre as propostas. A maior parte dos detentores de títulos da divida argentina (93%) aderiu aos dois planos de reestruturação, de 2005 e 2010, e aceitaram receber 35% do valor dos papéis em parcelas em até trinta anos. O governo tem pagado todos os vencimentos, menos o último (de US$ 900 milhões), do dia 30 de junho. A Argentina fez o depósito no Banco de Nova York, mas os recursos foram bloqueados pelo juiz Thomas Griesa. Griesa só vai liberar o dinheiro quando o governo argentino cumprir a sentença dele, favorável a um grupo - liderado pelos fundos NML e Aurelius - que representa 1% dos detentores dos títulos da divida argentina. Eles ganharam o direito de receber a totalidade da divida (US$ 1,3 bilhão), sem desconto, e com os juros acumulados durante o longo processo. Pelos cálculos dos economistas, o total chega a US$ 1,65 bilhão. O governo argentino tem argumentado que não pode privilegiar a minoria dos credores, que se recusaram a participar da renegociação da divida, porque corre o risco de enfrentar uma avalanche de processos judiciais. As propostas de reestruturação têm a Cláusula Rufo, que proíbe o país de fazer ofertas mais favoráveis para atrair os credores que ficaram de fora. A cláusula vence no final deste ano, mas o juiz Thomas Griesa se recusou a adiar a aplicação da sentença por não ter provas da boa-fé do governo argentino.
Calote ameaça negócios com a Argentina
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