Sandra Cecília Peradelles
Com os pés no chão e as unhas sujas de terra, me criei. Meu corpo-espírito de criança habitou um quintal imenso, rico em frutos e flores. A imensidão das copas das árvores faziam um interessante contraponto aos mínimos animais que ali viviam. O contraponto estava em mim também: tão pequena, me achava gigante quando, em habilidade nata, escalava até o abacateiro com seu tronco inconquistável. Lá no alto, via todo o vagaroso cotidiano da vizinhança do interior e me autoproclamava rainha. Eu era rainha do meu quintal. Sob outra perspectiva, aos oito anos, mais ou menos, eu era dona de mim.
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