Adriana Antunes
Para escrever a crônica, aquietei-me. Buscar o silêncio é uma forma de encontro com as palavras ainda não ditas. Às vezes parece que para ter silêncio basta não ter música ou alguém falando por perto, mas mesmo num quarto “silencioso”, se ouvem os sons dos carros passando, das buzinas, aviões passando, vento batendo na janela, cachorro latindo. O mundo é barulhento. Sem falar naqueles carros que passam com aquela mesma música, altíssima, que ouvimos vindo de longe e somos obrigados a acompanhar todo seu trajeto até ir embora. Rubem Alves disse, certa vez: “Compreendi, então, que a vida não é uma sonata que, para realizar a sua beleza, tem de ser tocada até o fim.
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