Nivaldo Pereira
"Tanta saudade, preservada num velho baú de prata, dentro de mim". Esse verso do canceriano Gilberto Gil fala dos afetos encerrados em seu peito nos anos em que, por força da ditadura militar, teve que exilar-se em Londres. Mas fala também do simbólico baú de imagens que os cancerianos trazem dentro de si. Raul Seixas, outro canceriano, mantinha um baú literal, onde guardava tudo o que fosse impregnado de emoção e memória, inclusive o resto do primeiro chiclete que mascou na vida. Real ou imaginária, essa arca de referências afetivas pessoais é uma extensão da carapaça protetora do caranguejo, a manter intacto o sumo dos sentimentos, o alimento da alma.
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